Bookwire anuncia marketplace de NFTs para o mercado editorial
PublishNews, Leonardo Neto e Talita Facchini, 07/05/2021
A ideia é desenvolver a tecnologia de blockchain e criar ferramentas pensadas para a indústria de conteúdos editoriais

Meme 'Disaster Girl', vendido como NFT por US$ 473 mil | Reprodução
Meme 'Disaster Girl', vendido como NFT por US$ 473 mil | Reprodução
A Bookwire anunciou, nessa quinta-feira (06), uma plataforma de blockchain para conteúdos em textos e em áudio, criando uma espécie de marketplace de NFTs para o mercado editorial. NFT (Non-fungible tokens) é a tecnologia que permite a venda e validação de propriedades de arquivos digitais que tem revolucionado o mercado de artes. Tornaram-se recorrentes as notícias de vendas desse tipo de arquivo por cifras vultosas. No fim do mês passado, por exemplo, o meme de uma garota em frente a uma casa em chamas foi vendido por US$ 473 mil, só para se ter ideia.

A Bookwire mira no mercado de colecionadores que buscam originais, primeiras edições, manuscritos e gravações em áudio exclusivas. Editores e criadores de conteúdo poderão usar a plataforma – que será lançada no segundo semestre – para oferecer aos seus públicos produtos exclusivos que atendam às necessidades e hábitos das novas gerações de leitores.

Graças à tecnologia de blockchain, os NFTs estão protegidos e não podem ser replicados, dando garantia a colecionadores no que diz respeito à originalidade do produto adquirido.

John Ruhrmann, diretor administrativo e cofundador da Bookwire, reconhece que a febre dos NFTs pode passar, mas o que a empresa está de olho é em outra coisa: “Por muito tempo, nós da Bookwire pensamos em usar o blockchain como uma tecnologia para a indústria editorial. Os usos do blockchain são infinitos. O entusiasmo em torno dos NFTs pode diminuir, mas a tecnologia veio para ficar. Queremos habilitar soluções de blockchain para nossos clientes e para o mercado como um todo e o mercado de NFT, atualmente em desenvolvimento, é uma maneira de começarmos”, disse em comunicado.

O assunto por aqui

Em abril, Gustavo Martins de Almeida usou a sua coluna aqui no PublishNews para dissecar o assunto e mostra pontos que poderiam favorecer o mercado editorial.

E já há o registro de pelo menos um livro “tokenizado” no Brasil. É O melhor livro do ano (de acordo com o crítico subornado pelo autor), de Rodrigo Policarpo. Publicado originalmente no KDP em 2014 (já não está à venda, mas é possível encontra-lo em cache), o título reúne “poemas, crônicas, contos e um pouco de humor”, na definição do próprio autor. A versão posta em NFT é uma edição ampliada daquela publicada pela ferramenta de autopublicação da Amazon em 2014.

Rodrigo, que é gerente de uma fabricante de trens, diz que escreve e compõe música por hobby. Quando ouviu falar sobre o NFT, resolveu finalizar o livro e lançar a sua versão tokenizada. “Minha intenção não é a de ganhar dinheiro com essa tokenização, mas poder ser o primeiro autor a fazer um NFT de um livro. No futuro, caso o NFT se consolide e vire algo muito relevante no nosso país, isso será um marco”, diz orgulhoso.

Ele usou a plataforma All be tuned. Por ela, emitiu 10 NFTs exclusivos por US$ 10 cada. Um deles já foi comercializado.

Os compradores terão acesso ao PDF original e, se um dia for publicado por alguma editora, receberão 0,3% dos valores arrecadados com direitos autorais durante os cinco primeiros anos de vida e ainda terão os nomes citados na folha de agradecimentos.

Tags: Bookwire, NFT
[07/05/2021 08:00:00]