Ilustradora baiana vence concurso na Coreia do Sul
PublishNews, Leonardo Neto, 25/02/2021
Flávia Bomfim é a única brasileira entre os ganhadores do Nami Concours 2021

Flávia Bomfim é a única brasileira entre os ganhadores do Nami Concours 2021 | © Redes sociais da autora
Flávia Bomfim é a única brasileira entre os ganhadores do Nami Concours 2021 | © Redes sociais da autora
Há uma ilha inteira na Coreia do Sul dedicada à literatura infantil. É a Nami Island, criada por Minn Byeong-do, fundador também da primeira editora no país. Ali, acontece, a cada dois anos e desde 2013, o Festival Internacional do Livro Infantil. Uma das principais atrações do festival é a entrega do prêmio Nami Councours, que dá reconhecimento ao trabalho de ilustradores de diversas partes do mundo. Nesse ano, os trabalhos foram submetidos a um júri internacional composto por Piet Grobler (África do Sul), Sung-ok Han (Coreia do Sul), Yukiko Hiromatsu (Japão), Klaas Verplancke (Bélgica) e Anastasia Arkhipova (Rússia).

A russa Viktoria Semykina ganhou o prêmio principal por François Truffaut: The child who loved cinema. Ela receberá, além da placa, um prêmio de US$ 10 mil. Além do prêmio principal, há outras três categorias: Golden Island (US$ 5 mil), Green Island (US$ 2 mil) e Purple Island. Na Green Island, aparece a baiana Flávia Bomfim, com o livro O adeus do marujo, que será publicado pela brasileira Pallas e pela indiana Tara Books ainda nesse ano.

Work in progress: foto do processo de criação de Flávia para o livro 'O adeus do marujo' | Reprodução
Work in progress: foto do processo de criação de Flávia para o livro 'O adeus do marujo' | Reprodução
Flávia explicou ao PublishNews que O adeus do marujo é uma homenagem a João Cândido (1880-1969), conhecido como Almirante Negro. Filho de ex-escravizados, Cândido foi um dos líderes da Revolta da Chibata, que reivindicou melhores condições de trabalho aos marinheiros brasileiros e o fim de maus-tratos contra eles. Para as ilustrações, Flávia recorreu à da cianotipia, técnica fotográfica que usa elementos químicos para sensibilizar superfícies (no caso desse trabalho específico, o tecido).

"O livro é um diálogo que eu estabeleço com essas imagens e a história. Tento trazer João para perto de mim. Era um marinheiro que bordava, então, trago essa gráfica têxtil dele e dialogo com ele a partir desse espaço que é o tecido e o bordado", disse ao PN.

Flávia adiantou ainda que o livro é parte de uma trilogia, que busca referências em homens que bordavam. Além de João Cândido, ela pretende homenagear Bispo do Rosário e José Leonilson Bezerra.

Além de ilustradora e bordadeira, Flávia é criadora do Festival de Ilustração e Literatura Expandido (FILEXPANDIDO) e uma das organizadoras das feiras de Publicação Independente Tabuão e Ladeira de Publicação Independente. Em 2013, participou, na Itália, da residência artística da Scuolla Internazionale d’Ilustrazione de Sarmede; em 2015, do ateliê de gravura da ilustradora Joelle Jolivet, em Paris, e do Museu Textil de Oaxaca, no México, em 2016. O Nami Concours é o primeiro prêmio internacional da criadora.

Todos ganhadores e finalistas participam do catálogo do festival desse ano, cuja data ainda não foi divulgada.

[25/02/2021 10:30:00]