Na semana passada, os funcionários da Livraria Cultura alocados nas lojas dos shoppings Curitiba, na capital paranaense, Villa-Lobos e Bourbon, os dois últimos em São Paulo, foram avisados que as unidades deixariam de existir e eles seriam desligados dos quadros da empresa.

A informação do fechamento das três unidades foi confirmada por Sergio Herz, CEO da livraria que está em recuperação judicial desde outubro de 2018. Segundo ele, as unidades encerraram suas atividades no último domingo (31).

Sergio disse ao PublishNews que, desde março de 2020, devido a todas as restrições impostas pela crise do covid, a rede tem negociado com os locadores visando melhorias nas condições comerciais. O objetivo, segundo ele disse, é manter as lojas de maneira sustentável. “Apesar dos esforços de todos os lados, o prolongamento da crise e a falta de previsibilidade nos fez tomar a decisão de encerrar as operações das lojas do Shopping Bourbon (SP), Shopping Villa-Lobos (SP) e Shopping Curitiba (PR)”, confirmou.

Sergio observou ainda o comportamento do consumidor brasileiro, que migrou parte de suas compras para o ambiente virtual. “A pandemia impôs novos hábitos de consumo que dificilmente irão retroceder. A digitalização que tomou conta das pessoas e das empresas veio para ficar. Pelas nossas estimativas, hoje as vendas de livros pelos canais on-line representam algo como 80% da receita total do mercado. Esses fatores trazem desafios adicionais para o modelo tradicional das livrarias no médio e longo prazo”, complementou. O CEO lembrou ainda que parte importante do faturamento das lojas vinha de eventos, noites de autógrafos, atividades culturais, gastronômicas e obviamente de contato social. “Infelizmente não acreditamos que tais atividades voltarão com força ainda em 2021”, arrematou.

Herz, neto da fundadora da livraria Cultura, complementou dizendo: “Nosso plano é voltarmos ao lucro ainda esse ano para sairmos da Recuperação Judicial o mais breve possível”. O CEO disse não ter dúvidas de que as lojas físicas continuarão a desempenhar um papel muito relevante no mercado e afirmou que está revisando totalmente o portfólio de lojas e serviços da rede. “Já iniciamos negociações para implementação de novos modelos de lojas em diversas cidades do Brasil, porem isso só acontecera quando as coisas ficarem mais claras”, adiantou. Ele informou ainda que o objetivo é manter somente as lojas que trazem retorno no curto prazo e que o foco hoje é na preservação de caixa e saúde da empresa.

Herz disse ainda que prepara para março o lançamento de serviços inéditos, dando mais foco na integração dos meios digitais com as lojas físicas funcionando como “uma experiência extraordinária e única”.

Por fim, ele aposta na vacinação como primeiro passo para a volta da “normalidade”. “O Brasil ainda tem desafios gigantescos para conseguir superar essa crise. Infelizmente o ano de 2021 será também muito difícil. Com as medidas tomadas queremos estar prontos para, na medida que a normalidade for se restabelecendo, iniciarmos uma nova era para a Cultura”, concluiu.