Apanhadão: Gráficas sofrem com pandemia do coronavírus
PublishNews, Redação, 06/04/2020
E mais: Editoras respondem decisão de Saraiva e Cultura de suspender pagamentos; autor americano faz doação para ajudar livrarias independentes; contadores de histórias crescem com o isolamento social

A indústria gráfica brasileira é outra que sofre com a pandemia do novo coronavírus. Segundo o Valor, a falta de capital de giro já começou a fechar empresas. O setor estima ainda um impacto negativo de R$ 20 milhões e enviou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ao Ministério da Economia e à Presidência da República, ofícios pedindo acesso imediato a linhas de crédito para capital de giro e suspensão das amortizações de dívidas por até seis meses. Segundo Levi Ceregato, da Abigraf Nacional, o quadro ainda é mais preocupante entre as empresas que não se encaixam no perfil de quem poderá ser socorrido pelo governo. Do total de gráficas cadastradas, mais de 80% fatura menos de R$ 300 mil por ano.

O Valor também chamou novamente a atenção para o fato de Saraiva e Cultura suspenderem os pagamentos a editores e fornecedores por tempo indeterminado. Segundo o jornal, a atitude das varejistas não agradou os editores. Diego Drumond, diretor da Faro, foi um dos articuladores do acordo que firmou a retomada dos negócios entre editoras e a Saraiva, que se encontrava inadimplente. “Essa postura unilateral fecha as portas para um possível diálogo futuro”, disse à coluna do Caldeira. Para Vitor Tavares, presidente da CBL, “O mercado tem fôlego próprio para sobreviver por mais cerca de 20 dias”.

O grupo Juntos Pelo Livro, que já havia publicado uma carta cobrando pagamento das livrarias, se reuniu para escrever um outro documento com demandas, desta vez a ser enviado ao governo e a entidades setoriais. Segundo o Painel das Letras, entre os pedidos está um crédito aos bancos públicos a juros abaixo do mercado e carência de 12 meses para pagar e que bancos privados sejam estimulados a conceder empréstimos nas mesmas condições, além de linhas de crédito para que possam também refinanciar empréstimos já em curso.

O autor americano James Petterson anunciou na última semana que irá doar R$ 2,6 milhões para as livrarias independentes ameaçadas pela covid-19. “Estou doando US$ 500.000 e peço aos leitores, editores e autores de todos os lugares que deem o que podem e salvem livrarias independentes”, pediu em sua rede social.

Desde que o isolamento social começou, os contadores de histórias surgem em número crescente pelas redes sociais, para representar tramas de livros infantis endereçadas a quem está em casa. As apresentações cumprem horários predeterminados e O Globo fez uma lista das principais atividades que acontecem ao longo da semana.

Obrigado a cancelar a 7ª Primavera Literária Brasileira, Leonardo Tonus, professor da Universidade de Sorbonne, colocou em prática o projeto Sacadas Literárias, que tem como objetivo estimular o prazer da leitura. O Estadão explica, funciona assim: basta gravar um vídeo com, no máximo, três minutos de leitura de um texto a partir de uma sacada, de uma varanda ou de uma janela e depois postá-lo nas redes sociais (ou enviá-lo para leotonusbr@hotmail.com), usando as hashtags #sacadasliterarias, #balconslittéraires, #literarybalcony.

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[06/04/2020 09:00:00]