Justiça decreta falência da BookPartners
PublishNews, Redação, 11/03/2020
Distribuidora estava em recuperação judicial desde 2018

Estoque BookPartners | © Chico Audi / Divulgação
Estoque BookPartners | © Chico Audi / Divulgação
O juiz André Luiz Tomasi de Queiróz, da 1ª Vara de Jandira (SP), decretou, na última segunda-feira (09) a falência da BookPartners. A distribuidora, que ostentava deter 18% do mercado de livros Científicos, Técnicos e Profissionais (CTP) no Brasil, entrou com pedido de recuperação judicial (RJ) em abril de 2018. À época, o juiz Bruno Cortina Campopiano, que acatou o pedido, disse que a empresa estava em “situação de periclitância financeira” para justificar a sua decisão.

Agora, ao decretar a falência, o juiz Tomasi sustentou que é “irreversível o seu estado de insolvência, em razão de sucessivos prejuízos que vem enfrentando”.

O PublishNews conversou com Carlos Henrique de Carvalho Filho, até então presidente da BookPartners. “Foi um processo muito doloroso. Não era o que nós queríamos de forma alguma. Para mim é uma frustração muito grande. Foi um sonho que, devido às mudanças de mercado, não conseguiu ir para frente”, disse evidentemente emocionado.

Carlos avalia que os investimentos na compra das livrarias da Revista dos Tribunais em 2013 foi um grande erro. Ao comprar as unidades, ele formou uma rede de livrarias, a Cia dos Livros que chegou a ter 16 unidades. “Foi um movimento errado. Era justamente em um momento em que o mercado estava mudando para o on-line e a Amazon estava chegando [em 2012 vendendo livros digitais e em 2014 livros físicos]”, comentou. Ele aponta que os custos para fechar as lojas da Cia dos Livros foram enormes e, por causa disso, faltou investimento no projeto on-line da rede.

Além da Cia dos Livros, a BookPartners ficou com a Superpedido, oito meses antes do pedido de recuperação judicial.

Ele aponta ainda que os clientes do braço varejista da empresa também não conseguiram mudar a chave do físico para o on-line na velocidade que era necessária. De acordo com Carlos, 80% do faturamento da BookPartners vinha de varejistas de lojas físicas.

Ele aponta ainda que, na transição entre os governos Dilma e Temer, o MEC deixou de fazer as visitas de inspeção nas bibliotecas das faculdades. "Isso fez com que mais de 80% delas simplesmente parassem de adquirir os livros 'obrigatórios', o que causou também grande prejuízo para a BookPartners", disse. A distribuidora tinha um braço específico para atender bibliotecas.

O juiz determinou que o advogado Orival Salgado, administrador judicial que conduziu a recuperação, mantenha-se como síndico da massa falida. Ele deverá fazer levantamento e avaliação de bens e documentos que farão parte do inventário da massa falida. O juiz poderá autorizar credores, de forma individual ou coletiva, a terem prioridade na aquisição desses ativos arrecadados pelo síndico.

Histórico

O embrião da BookPartners foi a Distribuidora Vértice, criada em 2004 com o objetivo de distribuir livros jurídicos. Inicialmente ligada à Editora Revista dos Tribunais (RT), a Vértice se especializou no abastecimento de bibliotecas e, em 2007, diversificou seu catálogo e passou a oferecer publicações de outras áreas também, sempre com o enfoque nas bibliotecas.

Em 2010, a Vértice se desvencilha da RT e adquire a Empório do Livro e passa a atuar também no segmento de distribuição de livros. Foi só em 2012 que nasce a holding BookPartners, quando o pequeno grupo formou a Cia. dos Livros, o seu braço varejista. Em 2015, a BookPartners anunciou parceria com a Ingram para começar a operar uma planta de impressão por demanda (POD) no Brasil. E, em 2017, pouco menos de um ano depois de noticiar que estava tirando o pé do acelerador na ampliação da sua rede de varejo, a BookPartners divulgou a compra da Superpedido.

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[11/03/2020 09:00:00]