
Mais de 120 escritores – entre os quais se destacam Daniel Olivas, Myriam Gurba e a premiada mexicana Valeria Luiselli – assinaram uma carta aberta a Oprah Winfrey para que reconsidere a sua decisão de recomendar American dirt para seu clube de leitura.
O livro narra a história de uma livreira mexicana que se muda para os EUA, acompanhada de seu filho, depois que a sua família inteira foi assassinada por traficantes de drogas. O mexicanista e professor de estudos latino-americanos da Universidade Washington, de Saint Louis, no Missouri, declarou à France Press que “este é um livro que simplifica o México, que utiliza mal o espanhol, é um livro no qual a protagonista, que é mexicana, faz coisas que não fazem sentido para um mexicano”.
Depois do debate, a Flaritron Books decidiu suspender a turnê de promoção do livro, alegando que a liberdade da autora e as livrarias estão em perigo. Bob Miler, presidente da editora, se mostrou orgulhoso da publicação pela qual teve que desembolsar uma importante quantia em adiantamento para a autora. No entanto, ele reconheceu que talvez o erro tenha sido apresentar o livro como um romance que define a experiência de um migrante. “Lamento que uma obra de ficção bem-intencionado tenha se tornado vítima de um rancor tão cáustico”, declarou.
Liberdade de expressão à parte, o que está claro é que o escritores hispânicos levantaram suas vozes e não só para criticar a perpetuação dos estereótipos sobre os migrantes nos EUA, mas também para reivindicar o papel de suas vozes no mercado editorial norte-americano.
Os direitos de American dirt foram vendidos para Dinamarca (Strawberry), Suécia (Strawberry), Noruega (Gyldendal), Portugal (LeYa), Turquia (Epsilon) e Brasil (Intrínseca).