Apanhadão: Decreto assinado por Bolsonaro autoriza MEC a produzir livros didáticos
PublishNews, Redação, 27/01/2020
E mais: Nomes da cultura serão homenageados em SP; Saraiva e Cultura continuam acumulando perdas; Leitura será a maior rede de livrarias do país até março e o legado da novela 'Bom Sucesso'

Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro assinou o decreto que autoriza o Ministério da Educação (MEC) a produzir material didático. Segundo a CBN, especialistas da área acreditam que a norma causa preocupação porque pode abrir uma brecha para impor às escolas livros produzidos pelo próprio governo. Com esse decreto o modelo existente do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) pode ser modificado, já que com a mudança, o MEC poderá produzir conteúdo didático próprio, sem a necessidade de processos de licitação. A preocupação é que o governo imponha conteúdos no material didático que chega às escolas, como por exemplo uma revisão histórica da ditadura militar.

A Folha deu destaque para a crise das duas grandes redes de livrarias, Saraiva e Cultura. Segundo o jornal, as duas varejistas continuam acumulando prejuízos, a despeito das duras medidas que adotaram para tentar sobreviver à crise que atinge o mercado editorial brasileiro nos últimos anos. Juntas, as duas redes já fecharam 54 lojas — 38% do total — desde 2017 e demitiram 2.451 funcionários — 47,8%. Para Ronaldo Vasconcelos, administrador nomeado pela Justiça para acompanhar o processo de RJ da Saraiva, “o cenário é de atenção, mas com perspectiva de melhora”, ele afirma ainda que com a profissionalização da gestão, a rede deverá voltar a dar lucro ao longo deste ano.

Com a crise das duas livrarias, outras redes conseguiram crescer e aparecer diante deste cenário. É o caso da Livraria Leitura que será a maior rede de livrarias do país até março. Com 72 pontos físicos atualmente, a empresa mineira inaugura uma nova livraria no shopping Ibirapuera, em São Paulo, nesta semana, quando a rede irá se igualar em número de estabelecimentos com a Saraiva. Em março, abre outra em Juiz de Fora, em Minas Gerais. Em abril, mais uma no shopping Santana Parque, também na capital paulista. “Precisamos enquadrar nossas livrarias no tamanho que o momento exige. Lojas grandes, com mais de 3.000 metros quadrados, estão em xeque, explicou Marcos Teles, presidente da Leitura que, sem dívidas, registra desde 2018 crescimento médio de 9%.

A novela Bom Sucesso, da Rede Globo, acabou na última sexta, mas deixou um legado: o aumento do hábito da leitura. Em entrevista ao Extra, Paulo Halm, autor da trama disse que esse era o objetivo. “Era um objetivo incentivar a leitura. Uma utopia, um sonho. Mas passei a perceber que mais pessoas começaram a ler, seja no transporte público ou em casa com os filhos”.

No último domingo (26), aconteceu o Grammy Awards e Michelle Obama ganhou o prêmio na categoria de Melhor Álbum de Palavra Falada - que reconhece audiolivros, gravações de poesia e contação de histórias - por conta do audiolivro Minha história, seu livro autobiográfico.

Nesta quarta (29), 36 nomes da cultura serão homenageados em São Paulo e receberão as medalhas Tarsila do Amaral, Mario de Andrade, Mérito Museológico e Ordem do Ipiranga. Nomes como Rita Lee, Ignácio de Loyola Brandão, Noemi Jaffe, Joselia Aguiar e Laurentino Gomes estão entre os escolhidos. Além da entrega das medalhas, a cerimônia também contará com a premiação do São Paulo de Literatura. No ano passado, Ana Paula Maia e Tiago Ferro venceram nas categorias de melhor romance e de autor estreante, respectivamente.

No Painel das Letras, o destaque ficou para o acervo da biblioteca da Assembleia Legislativa de São Paulo. Com cerca de 30 mil títulos, o acervo conta atualmente com apenas 2.000 exemplares catalogados —200, aproximadamente, considerados raros. São obras autografadas por nomes que vão de Manuel Bandeira a Guimarães Rosa, de Cecília Meireles a Gilberto Freyre, sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 e até uma bíblia de 1600. Todas elas estão disponíveis gratuitamente para qualquer pessoa que queira consultá-los no acervo histórico da biblioteca.

Um novo jeito de consumir literatura. O G1 mostrou a ideia do rapper e professor de geografia, Renan Inquérito, que distribui poesia em invóluclos farmacêuticos. A ideia de colocar poesia dentro de cápsulas comumente usadas na bioquímica e também por traficantes para embalar drogas como a cocaína, surgiu da expressão “traficar informação”, muito usada no rap.“O conteúdo traz fragmentos das minhas composições, porém exploradas de forma diferente do CD. No papel pude abusar dos recursos visuais e do concretismo, fazendo link com a internet e com o twitter, por exemplo”, contou Renan.

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[27/01/2020 10:00:00]