Flup chega a 8ª edição destacando o feminismo negro
PublishNews, Redação, 03/10/2019
Pela primeira vez a Festa Literária das Periferias vai ocupar o Museu de Arte do Rio (MAR), na Zona Portuária do Rio de Janeiro

A tradicional revoada de balões, uma das marcas da Flup, será em homenagem a Ecio Salles, um dos idealizadores do evento morto em julho passado | Facebook da festa
A tradicional revoada de balões, uma das marcas da Flup, será em homenagem a Ecio Salles, um dos idealizadores do evento morto em julho passado | Facebook da festa
A 8ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup), que este ano será realizada no Museu de Arte do Rio (MAR - Praça Mauá s/n, Centro - Rio de Janeiro / RJ) de 16 a 20 de outubro, está com uma programação que destaca o feminismo negro e a poesia falada. A escritora norte-americana Patricia Hill Collins, cujo livro Pensamento do feminismo negro (Boitempo) escrito em 1990 chega ao Brasil somente este ano; Funmilola Fagbamila, nigeriana radicada nos EUA e uma das criadoras do movimento Black Lives Metter e a francesa Audrey Pulvar, uma das maiores referências em conflitos socioambientais são alguns dos destaques da programação. Além das mesas de debate, a tradicional batalha de slammers acontecerá na Casa Porto (Largo São Francisco da Prainha, 4 - Saúde, Rio de Janeiro / RJ) e no Pilotis do MAR. Todas as competidoras deste ano são mulheres, que vão disputar nas categorias nacional e internacional. O slam está ganhando cada vez mais espaço e o Rio Poetry Slam é a primeira e maior competição de poesia falada da América Latina, realizado pela Flup desde 2012.

A francesa Audrey Pulvar é um dos destaques da programação da Flup de 2019
A francesa Audrey Pulvar é um dos destaques da programação da Flup de 2019
A Festa Literária homenageia o poeta pernambucano Solano Trindade, pioneiro na arte “assumidamente negra” no Brasil, cuja poesia e biografia foram marcadas pela valorização da cultura africana no Brasil. Artista múltiplo, Trindade foi responsável pelo I Congresso Afro-Brasileiro, realizado em 1934 no Recife, e pela fundação da Frente Negra Pernambucana e do Centro Cultural Afro-Brasileiro. O Teatro Folclórico Brasileiro, criado em 1944, também teve suas digitais. “Homenagear Solano Trindade, o poeta da negritude, do engajamento, da arte popular e da migração, só teria sentido no Brasil de hoje se propuséssemos um diálogo com todas as camadas de significado de sua obra”, destaca Julio Ludemir, um dos fundadores da Flup.

Ludemir comenta ainda sobre a programação: “Tentamos traduzir sua noção de vanguarda convidando mulheres negras das mais diversas partes do mundo e do Brasil, na medida em que entendemos que, quando uma mulher negra se move, todas as estruturas se abalam, principalmente na cidade que assassinou Marielle Franco. Nossa curadoria também se pautou pelo fato de que Solano era um artista múltiplo, que ora recorria à poesia, ora ao teatro, ora às artes plásticas, sempre usando o fazer artístico para tornar esse mundo um lugar melhor para nossos filhos. Daí uma programação que foi muito além de um festival literário, namorando com o slam, a performance, a música e as artes plásticas”.

Na abertura do evento, no dia 16, acontecerá a tradicional revoada de balões, que neste ano homenageia Ecio Salles, que morreu em julho passado. O ato marcará a inauguração da exposição O Samba é assim, do fotógrafo Ierê Ferreira, talvez o amigo mais longevo de Ecio Salles. Logo na entrada do MAR, o Sarau da Marquise traz um grupo de poetas em situação de rua declamando poemas de sua própria autoria.

Toda a programação da Flup tem a entrada gratuita. Para conferir a programação completa, acesse o site da Festa Literária.

[03/10/2019 08:00:00]