
Após as primeiras apresentações, passaram um filme do que será a Cidade de Tai’an, um projeto concebido para ser uma cidade internacional com ciência e tecnologia de ponta, qualidade de vida, respeito ao meio ambiente. O grande inspirador da bela cidade é o Monte Tai, responsável por trazer seis milhões de visitantes anualmente, especialmente nos meses de primavera e verão, quando acontecem atividades ao ar livre e grande interação, não só com a natureza, mas também espiritual e religiosa.
Com 5,5 milhões de habitantes e cobertura florestal de 50%, a cidade é a segunda com a maior economia na China, prevê a abertura de 15 universidades até 2020 e atrai investimentos nas áreas da medicina, engenharia, mecânica, investimentos imobiliários, e também nas áreas de produção gráfica, publicações e produção de conteúdo educativo e científico de qualidade. Mais do que tudo, os chineses de Tai’an reconhecem a importância das indústrias gráficas e das publicações como um caminho seguro para o futuro.
No Monte Tai (Tài Shān, que significa Montanha Tranquila, é a que fica ao leste, e assim, mais próxima do sol e a mais sagrada das cinco montanhas chinesas) há as primeiras inscrições da China, pré-históricas, do tempo do paleolítico, que já indicavam a necessidade do povo chinês de comunicar-se, e os chineses devem à força da comunicação a sobrevivência do seu idioma e do seu alfabeto por tantos milhares de anos. O Monte Tai também inspira os líderes e moradores da cidade, pois eles creem que há uma grande divindade nesta pedra, e acreditam que os negócios aqui estabelecidos serão tão altos e sólidos quanto a própria Montanha Tai.
Bem, o que há para se dizer? Foi uma palestra motivacional aos moldes chineses, em que se apresentou um belo porvir para uma comunidade internacional que possa trazer negócios a esse grande hub chinês que será a cidade de Tai’an. Por mais que os chineses possuam dificuldades enormes, o que se vê é que são um povo extremamente comprometido com o bem comum, esperançoso, e possuem um projeto bonito e inspirador para as futuras gerações.
Muito embora a matriz econômica seja de um comunismo misto e mais confortável (e eles comemoravam na oportunidade os 40 anos da abertura econômica chinesa), com absorção de algumas premissas capitalistas, e que tem se desenvolvido ao longo da experiência civilizatória chinesa, o fato é que colocaram a importância da produção gráfica e das publicações - o que envolve a educação, a transmissão de conhecimento passado e atual, e a comunicação - como de importância vital para o crescimento do povo, coisa que tristemente não percebemos em nosso belo Brasil (que ainda se depara com os problemas históricos derivados de uma matriz que privilegia o interesse particular em prejuízo do interesse comunitário).
Ficou no ar a reflexão de que a cultura de comunidade, enquanto negligenciada, permitirá que nós, do Brasil, continuemos perdendo oportunidades incríveis de alcançar novos patamares de crescimento e de bem estar para todos.
Mas esse é o desafio civilizatório próprio dos brasileiros, o nosso karma enquanto nação. Talvez seja preciso retornar às raízes e homenagear os grandes líderes da história brasileira, para que seja possível resgatar um senso de comunidade e nação, e para enfim seguirmos em um caminho de crescimento e desenvolvimento. Quem são nossos líderes? Quem são aqueles que devemos honrar? Quais são as nossas visões coletivas para os próximos 40 anos. Exercícios imperdíveis e inadiáveis que autoridades e líderes brasileiros devem fazer com urgência.






*Paula Cajaty é editora da brasileira Jaguatirica e da portuguesa Gato Bravo, escritora e Diretora de Comunicação da Libre.