Um diário de releituras
PublishNews, Redação, 20/08/2018
Livro mescla as experiências de leitura às experiências da vida cotidiana do autor

Janelas irreais (Relicário, 190 pp, R$ 38), de Felipe Charbel, transita entre a ficção e o ensaio, ao apresentar um narrador que relê alguns romances decisivos na sua formação como leitor e toma notas dessas leituras. O seu propósito é voltar a livros que o fizeram feliz (como Os detetives selvagens, de Roberto Bolaño; O teatro de Sabbath, de Philip Roth; Quase memória, de Carlos Heitor Cony; Ruído branco, de Don DeLillo), e procurar, nessas obras, traços da pessoa que foi em outras épocas. As entradas do diário vão se ampliando, e no “absurdo fluxo dos dias”, um intervalo de quase dois anos, elas terminam por revelar bem mais que as memórias de um leitor: é que a realidade de quem narra vai se misturando à matéria tratada nos livros, sem que se possa definir com clareza onde termina a leitura e começa a escrita, ou de que modo a vida se distingue da ficção.

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[20/08/2018 07:00:00]