Pelo nono ano seguido, os principais veículos de cobertura do mercado editorial no mundo – incluindo orgulhosamente o PublishNews – realizaram o CEO Talk em Frankfurt. No palco e no centro das atenções desse ano, estavam Carolyn Reidy, presidente e CEO da Simon & Schuster, a quinta maior editora dos EUA, e Guillaume Dervieux, que está à frente da prestigiada editora independente francesa Albin Michel.
Em comum, essas duas editoras têm a decisão em publicar em uma única língua. Mesmo estando em vários territórios (além dos EUA, está presente na Inglaterra, na Austrália e na Índia), a Simon & Schuster editora somente em inglês e a Albin Michel, só em francês. Ser editora de uma língua só é uma estratégia? Carolyn responde na lata: “toda editora é local”. “Publicar em uma única língua não significa que não somos internacionais, porque você pode trazer autores internacionais para o seu mercado e também ‘exportar’ esses mesmos autores por meio da venda de direitos”, completou.

O digital e a autopublicação
Reidy, ao ser questionada sobre o que poderia ter dado errado com o digital, cujas vendas apresentaram uma queda em países onde o formato já estava consolidado, ela respondeu dizendo que o digital ainda nem começou. “Uma nova versão do e-book deve surgir. Há uma pessoa, que ainda é muito jovem, mas nasceu na frente de uma tela, que aparecerá com um novo formato, que a gente ainda não conhece. Acredito que ainda não encontramos isso ainda. Mas quando isso acontecerá, será um dia incrível”, disse a CEO. A executiva observou ainda para um "booming" de audiolivros, especialmente nos EUA.
Outro tema tratado na sabatina que os CEOs se submeteram foi a autopublicação. Reidyn destacou que ela é “enorme”, que tem levado alguns clientes embora e colocado uma pressão no preço dos e-books. “É, no entanto, um bom lugar para se encontrar novos títulos”, completou. Já Guillaume pontuou que o self-publishing é o oposto simétrico daquilo que a Michel Albin faz. Ele completou dizendo que, no esquema da autopublicação, todo manuscrito é aceito e cada título recebe a quantidade mínima de recursos. “Nós fazemos exatamente o contrário disso. Nós rejeitamos muitos manuscritos e concentramos nossos recursos e esforços naquilo que selecionamos com paixão”, disse o editor independente.

Estimativas apontam que as mulheres perfazem 75% da força de trabalho da indústria global do livro. No entanto, poucas delas chegam ao cargo de CEO. Reidyn, entre as maiores editoras dos EUA, é uma exceção. “Para serem mais competitivas, editoras precisariam ter mais mulheres no comando?”, questionou Carlo Carrenho, representando a redação do PublishNews. Carolyn respondeu com um direto “claro”, ao mesmo tempo em que arrancou risos da plateia. “Mas precisamos dizer que há muitas mulheres chefiando departamentos editoriais, mas, sim, seria bom que tivéssemos mais mulheres em cargos de CEO”, completou.
O CEO Talk é apresentado pelo consultor austríaco Rüdiger Wischenbart, com jornalistas da Livres Hebdo (França), Bookdao (China), The Bookseller (Reino Unido), buchreport (Alemanha), Publishers Weekly (EUA) e, claro, do PublishNews.