O México é surpreendente. Muitos já devem ter dito isso, a ponto de transformar essa afirmação num grande clichê. Mas é a verdade, pois nada define melhor este país tão intenso, diverso, dinâmico.
Guadalajara, a rica capital do estado de Jalisco, é vibrante e antenada. É a cara do México ao mesmo tempo em que não é nada mexicana, sob outros pontos de vista. Com "mucha o poca" pimenta, é caliente e séria na medida. Surpreendente mesmo, não há como negar.
A FIL - Feira Internacional do Livro de Guadalajara - literalmente ocupa a cidade e contribui ainda mais para reforçar o jeitão cosmopolita dessa capital cultural.
Pavilhões gigantescos, estandes luxuosos e coloridos, presença de gente do mundo todo e uma intensa e rica programação fazem da FIL o lugar onde os profissionais do livro querem estar.
A Feira já é, de certa forma, peculiar por abrir espaço para o público geral - nos moldes das nossas bienais do Rio e de São Paulo - e para o público profissional - tal qual a grande feira de Frankfurt, na Alemanha. Peculiar porque permite combinar de forma harmoniosa duas vertentes interessantíssimas do mundo livreiro, na minha humilde opinião de editor: pessoas que compram livros e pessoas que fazem (ou propiciamque se faça) o livro.
Nas ruas, a propaganda da Feira chama a atenção para o evento, em sua 30ª edição, com letreiros gigantes e cheios de cor. Durante mais de uma semana, em um megacomplexo de exposições, milhares de pessoas com formações e trajetórias bem diferentes se cruzam com um só propósito: vivenciar o que os livros têm a oferecer. Isso não é pouco, considerando a complexa realidade do mundo atual em que tudo parece duelar até a morte pela atenção do consumidor final.
Na cidade mais espanhola do México, não há dúvida: o livro é Rei. Que bom que os guadalajarenses (de nascimento e de coração, como eu já) podem ajudar a mostrar ao mundo o valor e a importância do livro sem que isso fique pesado ou indigesto. Com o tempero certo, o livro segue aqui sendo saboreado com prazer.
Durante os dias de duração da Feira, que começou no último sábado, há e haverá espaço para tudo. Prometo contar um pouco sobre tudo o que vi e verei para tentar dar ao leitor do PublishNews ao menos um gostinho dessa sensação fantástica que é a FIL.
* Gilsandro Vieira Sales (ou só Gil para os nem tão íntimos) é coordenador de Literatura Infantil e Juvenil na Editora do Brasil. Bacharel e licenciado em Letras pela USP, tem paixão por livros, cultura e formação de leitores. Atua há quase dez anos no mercado editorial e ama o Brasil - com tudo o que ele representa.