Ainda sobre a questão da Mala Direta, os Correios, por meio da sua Gerência Corporativa de Comunicação, enviaram nota ao PublishNews informando que, ao contrário do que foi noticiado, as mudanças trazem “benefícios ao mercado”. Entre os “benefícios”, os Correios destacam: “redução de 50% no preço de registro para empresas dedicadas ao comércio de livros, por meio da adoção do registro módico; redução de preço no frete, quando comparado com os sites de venda de livros (pesquisa efetuada em 18/08 no percurso São Paulo-Brasília resultou em redução de 72% em média no impresso urgente e de 57% no impresso normal); remessa de livros e publicações didáticas até 2kg na modalidade normal, para clientes com contrato; inclusão do serviço de impresso nas modalidades normal e urgente nos contratos a faturar, com parcelamento do valor à vista no cartão de crédito em três vezes”.
O legado olímpico
Para se preparar para ser operador logístico dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, os Correios construíram armazéns e investiram pesadamente em sistemas de gestão de logística. Em outubro de 2015, pagou R$ 5,5 milhões pelo software de gestão de armazém (WMS - Warehouse Management System) da Sytex. O resultado é que, passados os jogos, esses investimentos precisam ser aproveitados. Para tanto, a estatal lançará, na primeira quinzena de setembro, um novo serviço de logística específico para o mundo do livro. Apelidado de LivrosLog, o serviço promete uma gestão integrada, incluindo estocagem, preparação de pedidos, distribuição e entrega, além de logística reversa e pós-venda.
Washington explicou aos editores e livreiros presentes no evento da última segunda-feira que os Correios preparam um armazém em Cajamar, na Grande São Paulo, especificamente para receber livros. “O fornecedor de uma editora, por exemplo, pode entregar diretamente um lote de livros no nosso armazém. Nós faremos a armazenagem e, ao receber um input de pedido, funcionários dos Correios vão separar, preparar caixas e despachar para o consumidor final”, explicou.
Por meio de um painel de controle, os clientes do LivrosLog terão a possibilidade de controlar níveis de estoque e verificar a necessidade de reposição. “No LivrosLog, vamos trabalhar com cargas consolidadas. Isso significa menos pessoas trabalhando o livro, menos carga e descarga e isso gera mais rapidez e qualidade do manuseio”, argumentou Washington.
Custos
O representante dos Correios apresentou dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) que diz que, nessa modalidade de comércio, os custos de logísticas são compostos por 62,6% referentes ao frete; 17,5% ao manuseio e 19,9% à armazenagem.
Com base nessas informações, Washington apresentou os custos do LivrosLog. Fez simulações para envio de livros entre Rio e São Paulo em pacotes de 500g e um quilo.
Pelos preços apresentados por ele, hoje, um PAC de 500g entre essas duas cidades sai por R$ 14,10. Somados a isso, os valores estimados de armazenagem (R$ 4,48, ou 19,9%, como sugere a Abcomm) e de manuseio (R$ 3,94, ou 17,5%), chega-se ao valor final de R$ 22,52. Pelo LivrosLog, o combo que inclui frete, armazenagem (por até três meses) e manuseio sairia por R$ 16,84.
Para pacotes de um quilo, o PAC normal custaria R$ 15,11, somados os custos de armazenagem (R$ 4,80) e de manuseio (R$ 4,22), chegaria ao valor de R$ 24,14. Pelo LivrosLog, o combo sairia por R$ 17,92.
Washington defendeu que, com a solução que foi apresentada ontem, as empresas que vendem diretamente aos seus consumidores poderão transformar custos fixos em custos variáveis, além de manterem o foco nas suas atividades-fim. “Empresas que desejam comercializar seus produtos na internet bastam saber comprar e vender. Podem deixar a logística para os Correios. A realidade de caixa de papelão e plástico bolha, nós assumimos”, disse.
As dez primeiras empresas que aderirem ao LivrosLog poderão experimentar o serviço por dois meses pagando somente o custo de frete (PAC). Contatos devem ser feitos pelo e-mail logisticaspm@correios.com.br.
Sobre a questão da Mala Direta, o representante dos Correios limitou-se a dizer que o assunto não é referente à vice-presidência que ele representa e que, já há tempos há uma discussão sobre o envio de livros com valor mercantil via malas diretas. “Se é fruto de vendas, o livro entra como encomendas e não como Mala Direta”, disse. “Mas, precisamos achar uma forma de mitigar esse impacto”, completou.