
No Brasil, antes mesmo de alguma editora anunciar a publicação do manifesto hitlerista, o assunto já gera muita polêmica. No blog da Editora Record, por exemplo, o editor Carlos Andreazza defende que a ocasião é “um poderoso ensejo para se discutir a função do editor no mundo em que vivemos”. “Se o livro existe e se está ao alcance de todos sem qualquer filtro, é, sim, papel do editor entrar em campo, antecipar-se e trabalhar com responsabilidade para que a leitura do texto maldito – já que é inevitável – venha acompanhada de todos os cuidados e contextualizações”, defendeu.

Muito menos polêmico, outro escritor que teve sua obra em domínio público desde o primeiro dia de 2016 foi o austríaco Felix Salten, autor do infanto-juvenil Bambi, que deu origem ao desenho animado da Disney. O seu clássico foi publicado no Brasil pela Cosac Naify, com tradução de Christine Rohrig e ilustrações de Nino Cais. Também caíram em domínio público em 2016: o romancista, crítico literário e dramaturgo britânico Charles Williams, autor de War in heaven e Descent into Hell; o húngaro Antal Szerb, autor de O viajante e o mundo da lua, publicado no Brasil pela Ediouro, em 2007; o romancista naturalista norte-americano Theodore Dreiser, indicado ao Prêmio Nobel em 1930 e autor de obras como Sister Carrie, The Titan e The 'Genius'; o poeta e tradutor britânico Alfred Douglas, com quem Oscar Wilde teve um affair, autor de livros de poesia como The city of the soul e In Excelsis e a não ficção Oscar Wilde and myself, além dos já citados, cairá também em domínio público o poeta francês Robert Desnos, representante do movimento surrealista na França.
As pinturas e os livros do artista José Luiz Gutiérrez Solana, nome importante do expressionismo espanhol, também ficaram disponíveis para todos a partir do primeiro dia de 2016. Entretanto, a famosa obra da menina judia Anne Frank, O diário de Anne Frank , livro no qual a garota relata em um diário como ela e sua família viveram escondidos durante anos para fugir dos nazistas e dos horrores do campo de concentração, não entrou na lista do domínio público, apesar de Anne ter falecido em 1945.A Fundação Anne Frank alega que os direitos da obra pertencem ao pai de Anne, Otto Frank, que faleceu em 1980, pois ele editou e adaptou o livro original para que fosse publicado em 1947. Para entender mais sobre essa polêmica, clique aqui.