
Stefano e Elizabeth notaram um clima de tensão no ar, frente aos momentos de dificuldade econômica e maiores desafios que vive o Brasil. A inglesa observou que o clima era de cautela. “Percebi que a crise econômica está sendo também um momento de grandes transições para as editoras brasileiras, muitas das quais parecem estar passando por mudanças estruturais profundas, o que terá impacto direto em seus selos, grupos, funcionários e autores. Há um forte interesse em aquisições de direitos, mas a cautela parece ser uma palavra de ordem. Ofertas para coedições parecem estar fora do menu para o futuro”, avaliou. Já Stefano observou que a crise é agravada pela dependência das compras governamentais. “Ao contrário do que acontece na Itália, as editoras brasileiras estão acostumadas a confiar no governo, que é o maior comprador de livros do país. Mais de 20% dos negócios vem daí”, diagnosticou.
Apesar de tudo isso, Elizabeth, percebeu que o mercado brasileiro é “vibrante, criativo e vai voltar a florescer tão logo esse período de transição acabe”. “O mercado brasileiro, penso eu, vai reemergir ainda mais focado e racionalizado e, dado o enorme número de leitores em potencial, vai crescer significativamente como um mercado dentro da economia brasileira”, aposta. “Nesse sentido, espero que os editores britânicos possam ajudar e colaborar para esse crescimento, através da manutenção de laços e apoio que forem possíveis às indústrias editorial e livreira”, aponta. Já Stefano observa que a aposta para sobrevivência do mercado brasileiro deve ser nos jovens editores. “As novas gerações estão decididas a manter vivo o sonho da criatividade, experimentando novas soluções, novas modalidades de apresentação dos livros, de forma construtiva e positiva”, observou.
Outra coisa prosaica que chamou a atenção de Elizabeth foram as pilhas de livros nas livrarias dentro da Bienal. “Fiquei particularmente impressionada com a criatividade dos livreiros para aumentar as visitas aos seus estandes. Fiquei admirada também com o talento dos profissionais que fazem as mesas e displays das livrarias. São verdadeiras obras de arte”, disse entusiasmada.