Bienal para gringo ver
PublishNews, Leonardo Neto, 14/09/2015
Quais as impressões que uma inglesa e um italiano tiveram da Bienal do Rio, que acabou neste domingo?

Forte presença de jovens leitores na Bienal impressionou os gringos que passaram pelo evento | © Stefano Mauri
Forte presença de jovens leitores na Bienal impressionou os gringos que passaram pelo evento | © Stefano Mauri
A Bienal do Rio terminou neste domingo com número recorde de visitante e uma cara cada vez mais jovem. Os números provam isso e a impressão de estrangeiros que visitaram o evento também. O italiano Stefano Mauri – presidente do Grupo GeMS e um dos destaques do InterLivro, a programação profissional da Bienal -- apontou, em seu blog Il Libraio, que, como em seu país, no mercado editorial brasileiro não faltam problemas, mas o futuro é dos jovens. “A desvalorização do Real frente ao Dólar e a crise econômica forçam a todos a apertarem os cintos”, descreveu. Outra que esteve na Bienal e contou as suas impressões ao PublishNews foi Elizabeth White, gerente de direitos acadêmicos e profissionais da editora britânica Bloomburry. Ela fez parte da delegação de agentes e editoras britânicas que vieram ao Brasil para acompanhar a Bienal. “Para mim, a Bienal foi um dos eventos mais prazerosos que já fiz”, aponta Elizabeth. “É um evento espaçoso, iluminado, arejado e de um tamanho fácil de lidar”, aponta.

Stefano e Elizabeth notaram um clima de tensão no ar, frente aos momentos de dificuldade econômica e maiores desafios que vive o Brasil. A inglesa observou que o clima era de cautela. “Percebi que a crise econômica está sendo também um momento de grandes transições para as editoras brasileiras, muitas das quais parecem estar passando por mudanças estruturais profundas, o que terá impacto direto em seus selos, grupos, funcionários e autores. Há um forte interesse em aquisições de direitos, mas a cautela parece ser uma palavra de ordem. Ofertas para coedições parecem estar fora do menu para o futuro”, avaliou. Já Stefano observou que a crise é agravada pela dependência das compras governamentais. “Ao contrário do que acontece na Itália, as editoras brasileiras estão acostumadas a confiar no governo, que é o maior comprador de livros do país. Mais de 20% dos negócios vem daí”, diagnosticou.

Apesar de tudo isso, Elizabeth, percebeu que o mercado brasileiro é “vibrante, criativo e vai voltar a florescer tão logo esse período de transição acabe”. “O mercado brasileiro, penso eu, vai reemergir ainda mais focado e racionalizado e, dado o enorme número de leitores em potencial, vai crescer significativamente como um mercado dentro da economia brasileira”, aposta. “Nesse sentido, espero que os editores britânicos possam ajudar e colaborar para esse crescimento, através da manutenção de laços e apoio que forem possíveis às indústrias editorial e livreira”, aponta. Já Stefano observa que a aposta para sobrevivência do mercado brasileiro deve ser nos jovens editores. “As novas gerações estão decididas a manter vivo o sonho da criatividade, experimentando novas soluções, novas modalidades de apresentação dos livros, de forma construtiva e positiva”, observou.

Outra coisa prosaica que chamou a atenção de Elizabeth foram as pilhas de livros nas livrarias dentro da Bienal. “Fiquei particularmente impressionada com a criatividade dos livreiros para aumentar as visitas aos seus estandes. Fiquei admirada também com o talento dos profissionais que fazem as mesas e displays das livrarias. São verdadeiras obras de arte”, disse entusiasmada.

[14/09/2015 11:13:51]