
Convidada oficial das recentes edições das festas literárias Flip e Flipelô, em Paraty e Salvador, respectivamente, a autora lançará o livro nesta segunda (18), às 18h, na Janela Livraria (R. Maria Angélica, 171 B, Jardim Botânico – Rio de Janeiro / RJ).
Haverá um bate-papo com Cláudia Lamego e Pedro Duarte, e um pocket-show gratuito com Lívia Nestrovski, Domenico Lancelotti e Pedro Sá. No repertório, sucessos de Cartola, Noel Rosa, Beth Carvalho e Chico Buarque, que estão no livro, criando uma espécie de ponte afetiva entre literatura, memória e música.
Anabela maneja a palavra com intimidade - seja no jornalismo, nos programas televisivos de entrevista que apresenta em Portugal ou em seus estudos acadêmicos. O lançamento de O quarto do bebê, no entanto, representa uma nova descoberta de sua relação com a escrita e a literatura.
“Tive a intenção de formular uma pergunta fundamental: por que é que escrevemos? Para quem é que escrevemos? Qual legado deixamos? Como será dito o nosso nome? Pode ser que a escrita seja uma maneira de lidar com temas como filiação e genealogia, um modo de extravasar a minha pulsão criativa - e de exprimir a minha fertilidade e a minha orfandade às avessas”, aponta a escritora.
Gestado durante o isolamento da pandemia da Covid, o livro carrega também marcas de uma experiência pessoal intensa: em 2019 foi diagnosticada com um câncer de mama. Entre o confinamento e o enfrentamento da doença, nasceu uma prosa que funde a ficção ao vivido. Em seu espelho, há a vida de uma mulher que habita, simultaneamente, um corpo enfermo e um planeta febril.
Narrado em forma de diário, a obra é declaradamente autoficcional e evoca, além da experiência do câncer, a impossibilidade da narradora-protagonista de ser mãe. O quarto do bebê que ela prepara com cuidado nunca acolherá uma criança. Mas vêm à luz as reflexões da protagonista sobre maternidade e filiação, o corpo feminino, nascimento e morte, atravessadas por referências à literatura de escritoras como Annie Ernaux, Joan Didion e Natalia Ginzburg.