CBL e SNEL divulgam pesquisa de 2013 com 1,52% de crescimento
PublishNews, Carlo Carrenho, 22/07/2014
Enquanto o PIB brasileiro cresceu 41,82% na última década, a indústria editorial aumentou seu faturamento em apenas 7,34%

A boa notícia é que o mercado de livros cresceu. Segundo a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, divulgada hoje pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livro (SNEL), o faturamento das editoras de livros no Brasil alcançou R$ 5,36 bilhões em 2013, o que representa um crescimento nominal de 7,52% em relação ao ano interior. Descontada uma inflação de 5,91% (IPCA), o crescimento real foi de 1,52%.

A primeira má notícia é que, em termos reais, o faturamento apurado pela FIPE – entidade responsável pela pesquisa – ainda está abaixo do valor alcançado em 2010. Ou seja o crescimento deste ano não compensou a péssima performance do mercado em 2010 e 2011.

A segunda má notícia é que o crescimento de 2013 deve-se puramente ao aumento das compras governamentais que chegaram a R$ 1,47 bilhão no ano passado contra R$ 1,32 bilhão em 2012. Trata-se de um crescimento nominal de 12,04% e, uma vez deflacionados os números, de um aumento real de 5,79%. Em 2013, 27,51% do faturamento das editoras foi oriundo de compras governamentais, comprovando a dependência do setor no governo. Mas por que isto seria uma má notícia? A razão é simples: enquanto o governo aumentou suas compras, as vendas dos editores ao mercado privado ficaram praticamente estagnadas.

Em 2013, as editoras faturaram R$ 3,885 bilhões em vendas ao mercado privado contra R$ 3,669 bilhões em 2012. Embora isto represente um crescimento nominal de 5,90%, houve uma queda minúscula de faturamento real, pois a variação foi de -0,01%, se considerado o IPCA de 2013.

É difícil elaborar uma análise longa da evolução do mercado editorial, especial para períodos anteriores a 2009, uma vez que neste ano foi feito um censo que levou a alteração da relação entre a amostra e o universo extrapolado da pesquisa. A Fipe chegou a recalcular vários anos anteriores a 2009 com base no novo índice, mas tais números nunca foram divulgados pela CBL e pelo SNEL. Isto explica a ruptura no gráfico abaixo (clique aqui para vê-lo maior). Ainda assim, é possível analisar o crescimento do mercado no período, somando-se os crescimentos anuais e sem se ater a números absolutos.

Com esta metodologia, observa-se que na década entre 2004 e 2013, o faturamento das editoras cresceu, em termos reais, 7,34%. Pode parecer um bom número, mas ele reflete estagnação quando comparado ao crescimento real de 41,82% que o PIB brasileiro teve no mesmo período. Ou seja, o mercado brasileiro está longe de acompanhar o crescimento da economia. Se considerarmos que neste período a classe média vem crescendo rapidamente, que o número de estudantes universitários praticamente dobrou na primeira década e que o analfabetismo funcional vem caindo notavelmente no período, fica ainda mais difícil entender por que o mercado de livros não tem acompanhado o crescimento médio da economia brasileira.

A conclusão matematicamente óbvia é que a indústria do livro está sofrendo uma redução de sua fatia de mercado, enquanto outras indústrias aumentam sua participação. Sem um estudo mais aprofundado, é difícil afirmar com certeza quais seriam estas indústrias. Mas o fato é que livros, cinema, games, internet e mesmo os gastos com celular disputam o mesmo bolso do consumidor. É fundamental, portanto, que a indústria de livros passe a prestar atenção na queda de sua fatia de mercado, busque a ampliação de seu mercado potencial e observe atentamente as indústrias concorrentes.

[22/07/2014 00:00:00]
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