Aquilo que se chama de Hispanoamérica é, na verdade, um grande caldeirão cultural no qual 20 países – tão distintos quanto um pepino e um abacaxi – são reunidos levando em consideração apenas dois elementos em comum: a língua espanhola e a localização geográfica (dentro do imenso continente americano). Dentro desse conjunto vale tudo: desde Cuba e Argentina, até Chile e Guatemala. Mas o que querem as pessoas da indústria do livro nesses países é crescer horizontalmente, fazer com quem leitores de Cuba leiam livros argentinos e que chilenos tenham acessos a livros produzidos na Guatemala. Claro, estima-se que a população nesses vinte países ultrapasse a casa dos 390 milhões de pessoas. Pois foram essas discussões que deram o tom das Jornadas Profissionais que acontecem em Buenos Aires desde ontem e até a próxima quinta-feira, quando será aberta oficialmente a 40ª Feira Internacional do Livro de Buenos Aires.
Durante a mesa intitulada A circulação do livro no mercado hispano-americano, que reuniu ontem cerca de 150 pessoas em um dos pavilhões da Feira de Buenos Aires, convidados e participantes lembraram da importância de Gabriel García Márquez na construção da identidade desse mercado tão heterogêneo. “Gabo foi protagonista essencial da literatura hispano-americana e formador desse mercado”, comentou o mexicano José Carreño Carlón, diretor do Fundo de Cultura Econômico. Mas Carreño pondera que García Márquez foi um ponto fora da curva, um fenômeno, difícil de se repetir. “Na América Latina, os autores viajam mais do que seus livros”, brincou o diretor mostrando que não há a circulação horizontal de livros dentro da região. “Nas nossas livrarias é mais fácil encontrar livros de autores suecos do que de um peruano”, lamentou durante a sua participação no evento.
Uma das dificuldades encontradas nessa missão de promover o intercâmbio de autores e livros dentro dos países latino-americanos é a distância. “Estamos falando de enormes distâncias que separam países desde a América do Norte até a Terra do Fogo”, comentou Carreño. Já Leonora Djament, diretora editorial da independente Eterna Cadência, vê uma luz no fim do túnel com a possibilidade de crescimento do mercado hispano-americano graças à persistente crise na Espanha. “Dada a conjuntura econômica na Espanha, acredito que podemos sair fortalecidos no mercado, sobretudo das pequenas e médias editoras”, comentou.






