* Marty McFly

Esses primeiros dias do ano são o momento perfeito para refletirmos sobre os sucessos de 2013 e nos prepararmos para o que encontraremos em 2014. Se considerarmos as previsões feitas neste artigo da Veja como estando corretas, até o final do ano a venda de livros digitais representará 10% do faturamento total das editoras. Tendo isso em mente, elaborei uma lista de tendências que prevejo para este ano que está começando:

Experimentar é preciso

Quanto mais os leitores se acostumarem ao formato digital, mais vai crescer sua vontade de consumir não apenas mais conteúdo, mas também de consumi-lo de maneiras diferentes. As editoras podem e devem experimentar e testar novos formatos, desde os enhanced e-books até formatos de layout fixo. Livros de não-ficção histórica se tornam muito mais interessantes se contiverem áudio, vídeos e gráficos. Histórias em quadrinhos se tornam mais dinâmicas usando a função de guided view nos tablets e smartphones. Livros acadêmicos podem responder a seus próprios testes e questões.

Digital para todos

Todos os produtores de conteúdo vão sentir a atração magnética do formato digital. Não faz nenhum sentido que livros de referência ainda sejam feitos em papel. Editoras de revistas, jornais e periódicos acadêmicos vão reconhecer que são uma valiosíssima fonte sem fim de conteúdo – conteúdo que pode ser monetizado ao ser vendido como e-books, que tem uma média de preço mais elevada e uma base fiel de clientes. Essas editoras não tradicionais de e-books irão descobrir que podem transformar seus artigos em e-books ao expandi-los ou ao repaginá-los como Singles.

Qualidade é essencial

Assim como aconteceu nos Estados Unidos há alguns anos, muitas editoras brasileiras estão reticentes em pagar mais caro para produzir e-books de maior qualidade. Muitas delas converteram seu catálogo em e-books usando companhias asiáticas que cobravam apenas alguns centavos por página, mas agora estão tendo que gastar muito mais para consertá-los. Elas distribuíam seu conteúdo utilizando nada mais do que algumas planilhas do Excel e alguns estagiários mal pagos. Entretanto, em 2014, essas editoras irão perceber o quanto a qualidade é importante e o quanto ela tem valor quando se tem uma visão sistêmica. Elas pagarão para que produtoras entreguem seu conteúdo pontualmente e com alta qualidade. Irão pagar a mais para o distribuidor que oferecer uma verdadeira plataforma self-service e as atenderem diligentemente.

Encontrando sua voz

Depois que as editoras tiverem colocado todo o seu catálogo digital nas lojas certas, elas vão descobrir o poder do marketing. Uma coisa era quando seu título é um em dois mil nas prateleiras de uma loja. Outra é quando o seu livro é um em 20 mil (Brasil) ou um em 2 milhões (EUA, hoje). Você precisa se destacar para ser descoberto. As editoras irão investir em serviços de marketing digital que vão desde o e-mail, passando pelas mídias sociais e indo até os veículos pagos de comunicação. Elas irão contratar especialistas a seus times que irão gerenciar campanhas de marketing e “falar” com o público.

O preço certo

Em qualquer indústria, é mais fácil baixar o preço do que subi-lo. Então, sem dúvidas, pedir um preço inicial alto pelos e-books, na casa dos trinta ou quarenta reais, não foi nenhum erro por parte das editoras. Entretanto, elas logo vão perceber que campanhas de preço estratégicas poderão multiplicar suas vendas por dez ou até mesmo por cem, e um preço acessível pode mantê-las permanentemente altas. Para aqueles que são resistentes em experimentar tais estratégias, talvez seja interessante criar um selo exclusivamente digital para seus “livros de bolso” digitais.

De volta para o futuro, até o final do ano o digital não será mais um projeto paralelo cobrado de uma equipe que já está carregada de outras coisas para fazer. As editoras descobrirão que o digital é parte do coração e da alma de seu negócio de agora em diante.

Quais são suas expectativas para 2014? Gostaria de lê-las! greg@hondana.com.br