Segmento de Obras Gerais apresenta crescimento real em 2012
PublishNews, Carlo Carrenho, 31/07/2013
Didáticos e CTP sofrem queda real; religiosos apresentam o pior desempenho

Segundo a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro divulgada ontem, 30/7, pela Câmara Brasileira do Livro e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros, o subsetor de obras gerais foi o segmento com melhor desempenho em 2012 no mercado editorial. A receita das editoras de obras gerais chegou a R$ 1,17 bilhão contra R$ 1,06 bilhão em 2011, representando um crescimento nominal de 9,93% ou um crescimento real de 3,86%, se deflacionarmos pelo IPCA do ano passado que ficou em 5,84%. Além disso, no ano passado, as editoras de obras gerais comercializaram 122,2 milhões de exemplares, um crescimento de 4,26% sobre o ano anterior.Tais resultados são bastante superiores aos números do mercado como um todo, que sofreu queda real de 2,64% em 2012, a maior desde 2002, como mostra a matéria Indústria editorial tem pior queda de faturamento desde 2002.

Antes de analisarmos os números dos outros subsetores, no entanto, é importante observar que os valores consolidados da pesquisa são feitos por categoria de editora e não por categoria de livros, e cada editora só pode optar por uma categoria. Assim, o setor chamado de didáticos pela pesquisa, por exemplo, consolida as vendas das editoras que se declaram didáticas e não necessariamente dos livros didáticos. Ou seja, uma editora como a Saraiva, que é primordialmente didática, mas também possui forte atuação no mercado CTP e na área de obras gerais, acaba tendo todo o seu faturamento creditado ao subsetor de didáticos. Da mesma forma, as vendas de best-sellers religiosos como Ágape e Nada a Perder acabam consolidadas na categoria de obras gerais, uma vez que são editoras deste segmento, a Globo e a Planeta, que publicam os expoentes cristãos Padre Marcelo e Edir Macedo. Aliás, a distorção mais interessante está justamente ligada ao subsetor religioso, uma vez que a pesquisa aponta vendas ao governo de tal segmento na casa de R$ 13,73 milhões, ainda que editais vetem expressamente a compra de obras religiosas. A explicação está no fato de que editoras classificadas como religiosas eventualmente publicam obras gerais e didáticas de caráter laico adquiridas pelo governo, e tais vendas acabam computadas para o setor de religiosos. Feita esta ressalva, vale analisar os outros subsetores do mercado.

O único segmento com queda nominal de faturamento foi justamente o religioso. O faturamento das editoras religiosas caiu 5,28% em 2012 e ficou em R$ 458,2 milhões, abaixo dos R$ 483,7 milhões em 2011. Em termos reais, com valores deflacionados, a queda foi de 10,5%. O número de exemplares vendidos não passou de R$ 73,2 milhões, uma queda de 18,11%.

O setor de CTP (Científico, Técnico e Profissional) apresentou crescimento nominal no faturamento e queda no número de livros vendidos. As vendas das editoras do segmento foram de R$ 957,5 milhões, contra R$ 910 milhões em 2011, representando um crescimento nominal de 5,22% e uma queda real de 0,6%. As editoras de CTP comercializaram 35,4 milhões de exemplares, o que significou uma queda de 1,11% em relação aos 35,8 milhões de 2011.

Em 2012, as editoras didáticas tiveram um ano bastante curioso. O faturamento do setor ao mercado chegou a R$ 1,3 bilhão, enquanto em 2011 foi de R$ 1,19 bilhão em 2011, o que representou um crescimento nominal de 9,21% e um crescimento real de 3,18%. No entanto, o governo estragou a festa dos editores didáticos ao reduzir suas compras do setor em 7,49%, gastando apenas R$ 1,1 bilhão em 2012, uma queda em relação ao 1,19 bilhão em 2011. Com isso, um mercado compensou o outro e as editoras didáticas tiveram um faturamento total de R$ 2,4 bilhões, ou seja um crescimento nominal de 0,84%. Em termos reais, o setor encolheu 4,72%.

[31/07/2013 00:00:00]