Levanta, sacode a poeira e “Plano B” em ação!
PublishNews, 02/07/2013
Levanta, sacode a poeira e “Plano B” em ação!

Nesta coluna eu tenho falado muito das dificuldades para quem faz assessoria de imprensa, mas quero deixar claro que coisas boas também acontecem em nossa profissão. Saber que o seu projeto é valorizado e respeitado pelo autor e pela editora e que a estratégia deu certo traz um sentimento de missão cumprida da mesma forma que o reconhecimento de um texto publicado. Porque nós jornalistas, de assessorias ou veículos, queremos mesmo é dar certo no que fazemos. Como qualquer profissional.

E o bom profissional lê, pesquisa, conversa, compara, pensa e repensa o seu trabalho. Falo isso para não desanimar os assessores, principalmente os que estão começando, e que podem ficar com a impressão que só há problemas na área do livro. Nem de longe.

Falar de livros é uma bênção nesse mundo em que as boas notícias estão cada vez mais escassas. Hoje em dia, o prazer de ler, ouvir ou assistir aos jornais dá lugar à angústia pela falta de boas notícias e vontade de sair correndo e fechar a porta. Os livros, ao contrário, abrem as portas para vários mundos, inclusive na assessoria de imprensa.

E todo livro pode ser múltiplo de muitos interesses e públicos. Às vezes, o assessor fica muito viciado nos cadernos de Cultura e se esquece de buscar um olhar mais abrangente para descobrir novos espaços, novas colunas, blogs, sites, programas de rádio ou TV. Entrar na programação das rádios pode revelar inúmeras possibilidades que estavam esquecidas.

Em qualquer divulgação, é bom estar preparado para admitir que a estratégia pode estar errada e que é preciso mudar para um Plano B, C ou D. Se não está dando certo, vamos à luta. E nem é para se sentir derrotado com isso. Faz parte do jogo.


Há livros que nos surpreendem quando a mudança acontece. Não é Cultura, mas pode ser Saúde, Comportamento, Terceiro Setor, Educação, RH, Economia, Negócios, Decoração, Design, Estética, Aventura, Ecologia e até Gastronomia e tantas outras. Por que não? Há diversas editorias que podem ser vasculhadas e testadas, mas não dá para descartar de cara sem pelo menos tentar encontrar novos ganchos para a divulgação. Há veículos voltados à Terceira Idade, por exemplo, com matérias interessantes sobre os mais variados temas, de Turismo à Cultura, e não apenas aos cuidados com a saúde dos idosos.

Às vezes, um capítulo tem aquele algo mais que remete ao foco de um programa ou perfil do público que o assiste. Ou um personagem tem uma profissão ou toma atitudes que podem gerar interesse como tema de matérias em revistas de comportamento.

No meio de um belo romance pode aparecer uma cena entre pais e filhos que se transforma em uma pauta especial para uma revista voltada a esse público ou mesmo para Educação.

Lembre-se, ainda, que na hora em que se encontra o gancho não dá para tratar de qualquer jeito. Procure saber mais do tema, ver como ele já foi tratado na imprensa, tente atualizar com fatos atuais. Se for sugestão de pauta sobre um assunto que envolva associações, ONGs ou institutos, melhor incluir a dica e os links necessários para facilitar a vida do jornalista. É bom pensar que ele não tem o tempo que você tem para focar naquele título naquele momento.

E olhe em volta, seu livro não está só no mundo. Se juntar a obras com o mesmo tema, você pode ampliar o conteúdo e dar espaço para outras editoras e autores, oferecendo uma pauta compartilhada sim, mas muito mais completa para despertar o interesse do jornalista. Ser generoso na divulgação pode valer a pena.

Também não fique tão solitário nessa decisão. Troque ideias com o autor e com o editor. Isso não vai fazer com que pensem que você fez um trabalho errado ou que está inseguro. Ao contrário, vai mostrar que você é interessado e está em busca de novas opções para alavancar o livro na mídia. Somar experiências e pensar em conjunto funciona.

Outro dia, encontrei um texto do escritor Humberto Werneck , publicado em março no jornal O Estado de S. Paulo, guardado entre os meus recortes amarelados e outros nem tanto. Fiquei pensando porque tinha separado, mas ao reler, lembrei. O título era “Assunto Cabeludo” e o que despertou meu interesse foi o trecho onde ele comenta suas buscas no Google e nos dicionários, e que geralmente o levam a “léguas do objeto da curiosidade inicial”.

Aí está, eu acredito, o grande segredo para nós, assessores. Escapar dos limites do que já sabemos e despertar a curiosidade todos os dias, sempre e mais. Reinventar-se e reinventar o nosso trabalho. Encarar as dificuldades e tentar novos caminhos. Quando as palavras e as ideias fervem em nossas mentes é sinal de que a poeira foi sacudida e que é hora de dar a volta por cima.

[01/07/2013 21:00:00]