Novos e rápidos tempos. Tempos rápidos demais para quem prefere a conversa ao computador, o olho no olho ao telefone. Há alguns anos o assessor até conseguia falar com os jornalistas, fazer uma visita rápida à redação para levar um livro especial e recebia retornos dos e-mails enviados. Hoje em dia, muitas vezes, nem mesmo para notas ou sugestões de pautas exclusivas o assessor consegue um retorno do jornalista de veículo. E uma boa nota ou sugestão de pauta exclusiva exige pesquisa sobre o perfil do veículo, do jornalista ou da coluna, e até mesmo um cuidado maior com a linguagem. E tudo o que queremos é só isso, retorno, mesmo que seja para dizer não, obrigado, não interessa.
Não sei a experiência de outros assessores (mas gostaria muito de saber) mas a minha é a de que aqueles profissionais com mais experiência e nome são os que mais respeitam e dão atenção nesses casos. Posso até citar o Lauro Jardim, da Veja, e a Maria Cristina Frias, da Folha de S. Paulo, entre outros que, felizmente, também agem assim, e sempre dão um retorno quando a sugestão é exclusiva, mesmo que seja para dizer não. E eu me sinto profundamente agradecida por essa atenção. Engraçado não é? O que deveria ser normal virou raridade. E a elegância anda tão sem espaço nas relações, uma pena.
Mas não há culpados. Há uma nova visão do jornalismo, há redações tão enxutas que os jornalistas não têm mais tempo nem para ver os e-mails, quanto mais responder... E há, também, uma certa arrogância de jornalistas mais novos que acham até uma ousadia alguém querer sugerir alguma coisa para eles.
Em nossa profissão tudo muda muito rapidamente, mas as pessoas se esquecem disso. Quem hoje está em uma redação amanhã poderá virar assessor por falta de opções, e sofrerá muito mais do que aqueles que continuam fazendo assessoria por vocação, mesmo com todas as dificuldades. E, nesses casos, o ditado um dia da caça outro do caçador realmente vale...
Outro dia, mandei uma mensagem para um jornalista que cansou de falar comigo quando eu coordenei a divulgação da FLIP em 2007 na Agência Lu Fernandes, e a resposta seca foi: “mas quem é você? Ah, dane-se”. Triste não é? Claro que ele poderia não se lembrar de mim, mas pelo menos deveria ter sido apenas educado e dizer que não tinha como responder à pergunta que eu fizera, e que era muito simples.
Conversando recentemente com a jornalista Thaís Ayello, da Exame, ela foi tão atenciosa que eu fiquei encantada. É o tal estranhamento do que deveria ser normal... Agradeci pela forma como ela me atendeu e disse que hoje em dia estava cada vez mais difícil falar com jornalista e, mais ainda, com calma e atenção como ela fizera. A resposta: “É, Ivani, eu também trabalhei em assessoria, sei bem do que você está falando”.
Outra situação complicada atualmente, para quem trabalha com livros, é a questão das provas. Você oferece uma prova para mandar com antecedência para um veículo e ele aceita. Você manda e não envia para mais ninguém. Os dias passam, o escritor ou a editora cobram, você rói as unhas cada vez mais inquieto e tenta falar, sem sucesso, com o jornalista. Nada de retorno ou de pedido de entrevista ou publicação. E quantas vezes chega o lançamento e você não consegue matéria melhor nem naquele veículo nem em outro. Perdeu o tempo, perdeu espaços, perdeu o humor. Quando o cliente é compreensivo, tudo bem, mas quando não entendem a estratégia ou a sua escolha é preciso muita explicação. Custa receber a prova, dar uma olhada básica e se não interessa dizer na lata? Todo assessor vai preferir o não à dúvida.
Imagino que todos vocês, assessores, já passaram por algumas saias justas e decepções como essas que eu escancarei neste espaço. Mas não foi um desabafo, juro. Foi apenas o desejo de compartilhar minhas inquietações da nossa profissão. E dizer, no final: não desistam, há lupas de otimismo soltas no ar que nos ajudam a vasculhar e descobrir bons profissionais em nosso caminho.
Inxalá!
