Sufocados pelos livros digitais
PublishNews, 05/03/2013
Sufocados pelos livros digitais

Nos últimos tempos, as notícias sobre o livro digital aparecem por todos os lados e em publicações voltadas para diferentes segmentos. Toda a euforia não é para menos. Afinal, 2012 foi o ano em que o catálogo digital das editoras mais do que dobrou, de acordo com levantamento realizado pela Folha de S. Paulo no final do ano. Depois disso, muitas novidades ampliaram os espaços para o tema. Hoje, os brasileiros têm várias opções de compra de e-books com a entrada das grandes lojas no país. Até mesmo o MEC resolveu incluir o livro digital no edital de compras para alunos do ensino médio. O acesso ao sinal wi-fi em ônibus e vans escolares vai atraindo novos públicos para a tecnologia.

Algumas editoras passaram a lançar seus livros nos dois formatos e o crescimento do setor em 2013 também deve surpreender. Mesmo na área de eventos, há vários acontecendo e outros programados focando o universo digital.

Com todo esse alvoroço, como fica o trabalho dos assessores de imprensa? Pelo que andei pesquisando e conversando com alguns jornalistas do setor, não há uma divulgação específica, pelo menos por enquanto. Geralmente nos releases que acompanham as obras impressas vem uma complementação, informando que há versão digital.

Mas não basta isso. Tudo está mudando muito rapidamente e essa é uma área em que o jornalista deve estar sempre bem informado, acompanhando os novos cenários, os lançamentos e os desafios que poderão ser utilizados ou adaptados à divulgação de seu cliente, seja autor ou editora.

Além da leitura obrigatória de jornais, revistas e livros, o assessor deve acompanhar, sempre que possível, as atividades e os cursos realizados sobre o livro digital. Outra dica é levantar as experiências de seus editores ou escritores no tema, para produzir sugestões de pauta ou sugerir seus nomes como fontes para a mídia.

O assunto certamente ficará no centro das atenções por muito tempo e o panorama é fascinante. No início de fevereiro foi publicada uma matéria muito interessante no caderno Prosa e Verso, de O Globo, com o título Espaço de celebração da leitura, da correspondente em Madri, Priscila Guilayn. A Casa Del Lector, em Madri, foi inaugurada há pouco mais de dois meses e é uma biblioteca sem livros, com acervo digital que será ampliado por meio de futuros convênios com bibliotecas internacionais. Os organizadores acreditam que uma boa transição no uso do papel para as telas vai ajudar diferentes gerações e melhorar o interesse pela leitura.

Não sei se o caminho será esse, mas concordo plenamente com os projetos que valorizam o livro e a leitura. Não dá para prever o futuro do livro digital, mas dá para garantir que o prazer de ler continuará, independente da plataforma. Se para uns o livro impresso sempre será a melhor opção, para outros a leitura em um tablet é muito mais atraente, prática e rápida. Nosso trabalho, como assessores, é valorizar os bons livros, independente do suporte.

O escritor José Castello, no texto O leitor assassinado, publicado no Jornal Rascunho, comentou que tanto o papel como a linguagem virtual não passam de caminhos que nos conduzem a nós mesmos: “Toda leitura, num papiro ou num tablet, é sempre uma viagem interior”, ele afirma.

Essa é a grande magia diante ou distante do poder da web.

[04/03/2013 21:00:00]