Ei, você aí, me dá um dinheiro aí...
PublishNews, 05/02/2013
Ei, você aí, me dá um dinheiro aí...

Em clima de Carnaval chegando, o título vai por conta de um tema que alguns assessores pediram que eu abordasse: o pagamento. Quem trabalha com assessoria, em agências ou sozinho, sabe o quanto é difícil conseguir cobrar um preço justo seja por livro trabalhado ou mensalmente, incluindo o institucional da editora e vários lançamentos.

Quando o assessor faz um projeto de divulgação, ele geralmente gasta tempo pesquisando o tema, a empresa que o está contratando, o mercado em que o material se insere e a concorrência, para propor ações e mostrar como será o trabalho. Alguns assessores cobram pelos projetos, outros não cobram e ficam expostos a contratantes sem tanta ética que repassam para outros assessores que cobraram mais barato. E dá muita raiva quando você perde o contrato e depois vê que algumas de suas ideias foram utilizadas sem a menor cerimônia. Mas isso é uma questão de caráter e, felizmente, lidamos na maior parte das vezes com pessoas que respeitam o trabalho do outro.

Outro descompasso comum entre o projeto e o retorno é a falta de atenção para o que foi proposto. Alguns contratantes não dão a menor atenção ao que está escrito, vão diretamente para o preço e reclamam do custo, mesmo sem tentar entender que aquele total não veio por mágica.

Se ao receber dois projetos, um custa R$ 10 mil e o outro R$ 2 mil, o contratante pelo menos deveria pensar que alguma coisa está errada, não é mesmo? Milagre ninguém faz. Cabe nesses casos procurar entender melhor as propostas.

Os assessores têm como base alguns preços indicados pelo Sindicato dos Jornalistas para projetos, horas trabalhadas, artigos, textos e até assessorias por períodos fixos. Claro que é apenas uma base, porque cada divulgação é diferente da outra e há inúmeros fatores que entram em jogo na conta final: clipagem, os mailings utilizados, as horas trabalhadas, os telefonemas, os impostos, os gastos com correio e outros. Mas há um fator que faz muita diferença e que nem sempre é levado em conta: a experiência do profissional.

Sobre isso, um jornalista amigo me contou recentemente um caso que ilustra bem o conceito. Um profissional respeitado e conhecido recebeu um telefonema solicitando um texto para um presidente de uma grande empresa que deveria ser utilizado em um comunicado de imprensa para um assunto muito sério. O jornalista deu um preço bem elevado, que foi aceito na hora. Em meia hora ele escreveu o texto, enviou e a aprovação foi imediata. Um jornalista jovem que estava ao lado observando tudo, disse: “Nossa, eu não sabia que era tão fácil ganhar tanto dinheiro em tão pouco tempo”. O jornalista experiente retrucou na hora: “Acho que você não entendeu. Eu trabalhei mais de 40 anos para poder sentar e escrever o texto certo em meia hora, e também para poder ser chamado para fazer trabalhos como esse”.

Assim é a vida. O bom profissional, quando dá um preço, sabe exatamente o que terá pela frente, os desafios, as dificuldades, o tempo e a melhor forma de tentar garantir retornos para uma divulgação. Por isso, é complicado para o assessor receber contrapropostas de contratantes que oferecem menos da metade do que ele pediu, como se aquele preço indicado tivesse saído da cartola. Agora, se aceitar o preço procure fazer sempre o melhor. Não dá para fingir que trabalha. Dá, sim, para chegar a um acordo reduzindo o custo, mas também reduzindo o trabalho proposto inicialmente.

Não há mágica, há profissionalismo e conhecimento do meio. Quando acertar uma divulgação, o assessor não deve prometer páginas amarelas da Veja ou participação no Fantástico como forma de explicar o preço cobrado. A divulgação é resultado de uma estratégia bem feita, do empenho do profissional, da qualidade do produto (no caso de livros), do interesse da pauta e também da sorte, claro.

As limitações e as dificuldades, como a falta de espaços nos veículos, que é uma realidade nos últimos anos, devem ser relatadas para que o contratante tenha noção das etapas a cumprir e os “tempos” de retorno, que nunca são os desejados. Afinal, todo mundo acha que o seu produto é o melhor do mundo. Nem sempre é, mas o bom assessor saberá achar os veículos adequados para o perfil do trabalho.

E bom Carnaval para todo mundo, com ótimas leituras.

[04/02/2013 22:00:00]