De assessor chato e de louco todo mundo tem um pouco
PublishNews, 08/01/2013
De assessor chato e de louco todos têm um pouco

Nem sempre a relação entre assessores de imprensa e jornalistas de veículos são objetivas e produtivas como deveriam ser. Os primeiros muitas vezes consideram os colegas arrogantes e impacientes, enquanto há profissionais no segundo grupo que não valorizam o trabalho do assessor, criticam textos e abordagens, não atendem por telefone e, quando atendem, estão sempre correndo, dão desculpas ou atendem mal. Claro que situações como essas felizmente não são a regra e quando há bom senso, boa vontade, profissionalismo e compreensão dos dois lados fica tudo mais fácil.

Conseguir harmonizar essa relação pode ser mais complicado na hora do follow-up, o chamado acompanhamento e busca de retorno para o material enviado. E mesmo quem começa a fazer assessoria, com ou sem experiência em veículo, sabe: o primeiro follow-up você nunca esquece, talvez porque essa prática seja uma das mais polêmicas do universo do assessor de imprensa. Atire a primeira pedra o assessor que nunca ouviu palavras ríspidas por parte do jornalista do outro lado do balcão ou até mesmo uma solene batida de telefone. “Estou fechando” é um dos chavões mais usados. Quando ele vem embalado por educação e gentileza tudo bem, dá para segurar a ansiedade. Mas às vezes o desrespeito é tão grande que o trauma pode ser para toda vida, tarefa para anos de sessão mesmo com o super Theo, do programa “Sessão de terapia”.

Para quem, como eu, veio de anos de trabalho em veículo, o início como assessor de imprensa assusta, parece que você vai sempre precisar implorar para que a sua notícia encontre um espaço abençoado. Na hora do follow-up, então, a vontade é sair correndo e nunca mais voltar. O tempo e a experiência vão ensinando a encarar com naturalidade esse e outros procedimentos da assessoria de imprensa necessários para fazer um bom trabalho, desde que seja interessante para os dois lados. Quando o assessor gosta do que faz e procura entender esse universo para não dar foras e não ser invasivo, as coisas ficam bem mais simples. E quem está hoje em um veículo também deveria ter flexibilidade e pensar que o mundo gira e o amanhã poderá trazer mudanças...

Se o assessor está preocupado com a falta de retorno para sua pauta e sem saber se o jornalista do veículo recebeu ou não o livro enviado, deve tentar o contato. E quantas e quantas vezes você percebe que se não tivesse feito o follow-up, certamente não teria conseguido despertar o interesse. Por outro lado, o jornalista que recebe um material exclusivo deveria responder com agilidade se interessa ou não e, na segunda hipótese, liberar o assessor para tentar novos espaços.

Para o assessor, o principal é não ser inconveniente para não virar o chato de plantão. Para evitar essas situações, é preciso pensar que o jornalista de veículo, principalmente nesses tempos de equipes enxutas e horários apertados, está sobrecarregado com seu trabalho diário, com as demandas do chefe, com entrevistas para marcar, pesquisas e textos à espera e ainda tem que lidar com uma caixa postal lotada de e-mails (que em sua maior parte não interessam) e com ligações pipocando a todo instante. Como ninguém é de ferro, fica difícil ter disposição para ficar conversando ao telefone. Mas, é bom lembrar: nem todas as pressões do mundo justificam indelicadeza.

Portanto, a primeira regra é: só mande releases ou livros para jornalistas e editorias afinadas com o tema. Não escreva demais e prefira textos enxutos, bem escritos e com as explicações corretas. A segunda regra é só ligar se realmente for necessário. Isso inclui não fazer contato apenas para perguntar se recebeu o material, porque não vai adiantar nada. Tente pelo menos oferecer um complemento com novas informações, sugestão de entrevistas com autores, fotos internas do livro que está divulgando, depoimentos de personagens, quando for o caso, pesquisas complementares sobre o tema, resenhas ou qualquer outra novidade que justifique o follow-up.

Outras dicas básicas que não devem ser esquecidas são: nunca ligar em horários de fechamento, porque mesmo o repórter que não é editor hoje em dia muitas vezes fecha ou ajuda a fechar páginas; ser rápido e falar apenas o que é essencial, sem ficar repetindo o que está no texto já enviado; não forçar uma intimidade que não existe, não mandar beijinhos nos primeiros contatos, não falar que é amigo do amigo do amigo ou perguntar como foi o programa do final de semana; não pressionar o jornalista com perguntas do tipo quando vai sair, qual o tamanho da foto ou do texto.

Fez o seu trabalho correto? Então hora de sair de cena e ficar roendo as unhas esperando o resultado, sabendo antecipadamente que muitas vezes não vem. E nem pense em ligar para ficar cobrando. Jornalista de veículo detesta ser cobrado, e com razão. Afinal, ele não é o dono exclusivo do espaço e depende da opinião de outras pessoas da equipe que influem na seleção do material a ser publicado.

Em algumas agências é comum jogar o follow-up no colo dos estagiários recém-chegados como se fosse um castigo. Cuidado, o feitiço pode virar contra o feiticeiro. É importante valorizar o procedimento, explicar sua necessidade e a melhor forma de realizar. O ideal é fazer follow-up várias vezes com clientes de áreas diferentes para que esse ser que está chegando das faculdades, ávido por trabalho e por conhecimento, não saia dali como mais um futuro profissional frustrado e sem motivação. Se o jornalista experiente faz um follow-up correto e com prazer, certamente o exemplo será a melhor motivação.

Quando a pauta é boa, quando o livro ou o evento na área de literatura tem qualidade ou quando o autor tem o que dizer, certamente haverá retorno no enorme e fascinante universo de tantos jornais, revistas, sites, blogs, programas de rádio ou TV. Por isso é importante pesquisar, ler muito, conhecer a grade de programação das emissoras, as inúmeras colunas de jornais, visitar frequentemente as estantes de revistas e jornais das livrarias, estar por dentro de novos espaços e acompanhar a movimentação da mídia para não perder o seu tempo e nem o do jornalista com sugestões que não têm a ver com o perfil das publicações ou programação das emissoras de rádio e tevê.

Boa sorte e um Ano Novo produtivo, com boas pautas e muitas inserções positivas para suas editoras e autores pela frente.

[07/01/2013 22:00:00]