Pé de pato, mangalô, três vezes. E se nem assim a divulgação funciona...
PublishNews, 02/10/2012
Pé de pato, mangalô, três vezes. E se nem assim a divulgação funciona...

O assessor de imprensa, principalmente aqueles que lidam com editoras e livros, é um ser otimista por natureza. Quando o livro cai em suas mãos, ele tem um primeiro olhar generoso e pensa que, apesar das dificuldades que o tema ou o autor representa, poderá conseguir bons espaços para a obra realizando um trabalho diferenciado, com foco e voltado para os veículos certos.

Infelizmente, nem sempre acontece assim. Você começa a divulgação, passam-se os dias e nada. Os jornalistas recebem o release, você confirma que o livro chegou para quem mandou, mas não vê retorno ou sinal de fumaça no horizonte. Ninguém pede fotos ou entrevistas. O tempo vai passando e o aperto no peito aumentando. Cada vez que o clipping chega, traz junto a vontade de deletar o e-mail ou, no caso de clipagem impressa, queimar o envelope para evitar as reclamações e as cobranças.

Parece que o mundo todo, e os jornalistas de veículos também, resolveram ficar contra você. O autor e a editora inconformados pedem retornos, fazem perguntas óbvias, dão sugestões já utilizadas. Você sente o clima de desconfiança velada sobre o seu trabalho e a pressão chegando por todos os lados.

Você no fundo sabe que fez tudo direitinho, mas é duro é lidar com a sensação de fracasso e de incompetência, além das dúvidas, claro: Será que eu fiz o melhor que podia? Será que a abordagem com os jornalistas foi correta? Será que o texto não estava bom e não passou as informações necessárias? Será que o mailing usado não foi o melhor? Onde foi que eu errei?

A boa notícia é que talvez você não tenha errado na forma de trabalhar o livro, pode ter errado na avaliação do potencial da obra. Há temas difíceis mesmo, daqueles que não despertam interesse e ficam restritos a publicações da área envolvida ou de simpatizantes do argumento ou dos autores. E para alguns livros não há milagre que consiga fazer a multiplicação dos espaços na mídia.

O conselho para um assessor de imprensa é nunca prometer nada. Diga sempre que vai tentar o impossível, pode detalhar a estratégia da divulgação, falar de programas de rádio, tevês, colunas específicas em jornais, revistas, sites, blogs ou o que for. Mas não assuma compromissos que não poderá cumprir, nem que o sonho do autor seja uma entrevista no Programa do Jô ou da Ana Maria Braga ou, ainda, páginas amarelas da Veja. Você pode até se esforçar, mas daí a conseguir a distância é enorme...

O correto é explicar as dificuldades que poderá encontrar pela frente, listar os entraves, falar sobre o grande número de lançamentos e deixar bem claro que não pode garantir o interesse dos jornalistas. E muito menos pode ficar ligando várias vezes para os profissionais e fazer o perfil clássico do assessor insistente e chato. Assessor que já trabalhou em veículo sabe o quanto atrapalha um follow fora de hora, desnecessário e “intenso” demais.

É muito comum autores ou editoras citarem exemplos de obras afins que conseguiram destaque em publicações, mas não se deixe abater. Cada livro é um livro, os momentos são diferentes e as oportunidades também. Às vezes, aquele livro que chegou há tempos e estava em um canto versa justamente sobre o assunto que virou manchete nos jornais do dia. Ou a obra chega para o jornalista que estava pesquisando e fazendo exatamente naquela semana matéria especial sobre o tema.

A chama da atualidade e oportunidade pode vir de fatos relacionados à obra e, por isso, você também precisa estar atento para não perder o bonde, trem, ônibus ou metrô da história. Quando o assessor está bem informado, aproveita os ganchos e esquenta o release, complementa a sugestão de pauta, propõe artigos, cria debates ou outros eventos propícios. Em tempos de euforia com as chicotadas e palmadas de Cinquenta tons de cinza, certamente há editoras com livros e autores que podem voltar às prateleiras e à mídia com nova embalagem.

Há obras que vão ficar restritas aos veículos segmentados. Outras conseguem ocupar espaços inesperados. Um livro sobre Direito ou Economia, por exemplo, pode ser bem divulgado em colunas e sites específicos, mas poderá gerar entrevistas para o autor em programas mais populares de rádio ou TV que abordem o assunto de uma forma mais simples como orientação e serviço.

Só não assuma uma postura defensiva e deixe de trocar ideias com os autores e editores à procura de abordagens diferentes. O assessor apaixonado pelo que faz tem a humildade para reconhecer seus erros, mudar a estratégia quando for o caso e assumir que não conhece todos os veículos do mercado.

Assim como na vida das pessoas, alguns livros também podem encontrar sua “metade da laranja” a qualquer tempo. E todos os espaços são bem-vindos. A inserção em um site com perfil de compradores para o livro pode ser, pelo menos em alguns casos, mais interessante do que o espaço tradicional em grandes veículos. A sinceridade é a nossa melhor arma.

E boa sorte para nós!

[01/10/2012 21:00:00]