No meio do caminho tem um briefing. Ainda bem
PublishNews, 17/07/2012
No meio do caminho tem um briefing

Um bom livro é um presente para o assessor de imprensa de editoras. Mas nem sempre esse presente vem embalado por um nome famoso ou por uma história que garante espaços na mídia. Livros são caixinhas de surpresas, e não só nas vendas. O mesmo acontece com a divulgação. Quantas histórias nós sabemos de editores que investiram em títulos de autores desconhecidos que, inesperadamente, viram sucesso de vendas e ganham matérias nos principais veículos e entrevistas em programas de rádio e TV? E, ao contrário, quantos livros fantásticos que pareciam grandes apostas passam praticamente em branco, sem uma explicação lógica? Na verdade não há lógica, há trabalho. E torcida, claro.

Por isso mesmo é importante deixar de lado qualquer preconceito em relação a temas ou escritores, e procurar todas as informações disponíveis para fazer uma divulgação eficiente. Tenho uma amiga jornalista que sempre lembra, nos momentos difíceis, que Deus ajuda o bom repórter. Bom, ele também pode ajudar o bom assessor, certo? Mas nada é de graça ou vem pela graça.

Sem custo, mas com investimento de tempo, há um elemento essencial que nem sempre é valorizado ou utilizado como deveria: a reunião de briefing, realizada geralmente com a participação dos departamentos editorial e de marketing das editoras. Essas reuniões podem ser mensais, quinzenais e, se for o caso, de emergência, para agilizar o processo de divulgação de um lançamento muito esperado ou para aproveitar a presença de um autor internacional, entre outras situações.

Divulgar um livro é um exercício de paixão, como tantos outros na vida. O assessor poderá enfrentar o desafio e melhorar seu desempenho depois desses encontros, munido de muitas informações para produzir um texto correto, pensar com criatividade na hora de preparar a estratégia, formular notas ou entrevistas exclusivas.

O procedimento de realizar as reuniões sistemáticas é importante para assessorias internas ou externas. O ideal é que, nessas reuniões, os editores já levem informações sobre os livros dos próximos meses. As revistas mensais fecham normalmente com três meses de antecedência, o que significa que para emplacar um livro é preciso fazer o contato com os jornalistas desses veículos dentro desse prazo e com bom material para oferecer, incluindo a prova do livro, capa, fotos do autor e a possibilidade de uma entrevista. E dar tempo para que o repórter consiga preparar a matéria.

Quando o assessor conhece a obra previamente, fica mais atento para datas especiais, fatos da atualidade ou qualquer tipo de ligação com o tema ou personagens que despertem o interesse dos jornalistas para o livro. Por exemplo, quando se comemoram centenários de personagens famosos e o assessor já sabe que haverá um lançamento nessa linha, pode antecipar a notícia para uma coluna ou garantir espaço em matérias especiais. Ou, ainda, se os editores lembrarem nesses encontros de outros títulos já lançados estes poderão ser retrabalhados (por favor, sempre deixando claro para os jornalistas que não se trata de um lançamento) diante de novas situações.

Lembre-se: não importa se a reunião de briefing vai durar uma, duas ou três horas; se tem aquele editor que enfeita demais a sua criação e leva muito tempo lambendo a cria. Não reclame e aproveite cada minuto. Justamente do envolvimento da equipe da editora e dessa parceria com a assessoria podem surgir ideias brilhantes para ajudá-lo a ampliar seu foco.

O editor deve se preparar para as reuniões levando todo o material que conseguir. O pacote deve incluir a sinopse, perfil do autor, obras anteriores, títulos afins, histórico de vendas do escritor, curiosidades, perfil dos leitores para a obra, filmes ou peças relacionadas, novos projetos, citações e resenhas, e o que conseguirem encontrar. E a visão pessoal da obra, afinal ele é quem mais conhece o conteúdo – ou pelo menos deveria conhecer. Até o fechamento de um contrato com um autor mais conhecido pode render uma boa nota.

A participação do gerente de marketing ou alguém da equipe também é importante. Dados de uma campanha diferente e inovadora podem servir como material exclusivo ou como sugestão de pauta para veículos de editorias de comunicação, propaganda e marketing. A estratégia nas redes sociais é outro ponto que pode ser discutido com a equipe, procurando integrar o conteúdo, as promoções e as atividades para conquistar novos seguidores.

Aproveite para esclarecer todas as suas dúvidas durante essas reuniões. Pergunte, por exemplo, se o autor dá entrevistas por e-mail, telefone ou até mesmo pelo Skype, como tem acontecido com frequência ultimamente. No caso de autores estrangeiros, essa informação pode resultar em uma entrevista antecipada que não prejudicará a divulgação na época do lançamento.

Se conseguir receber provas de livros antes da reunião de briefing, melhor ainda. Algumas editoras não gostam de entregar as provas sem a revisão final, mas no caso do assessor é diferente, já que é uma relação baseada na confiança. Ele vai ganhar tempo para conhecer a obra e planejar a estratégia, sabendo que não poderá passar esse conteúdo provisório para os jornalistas.

Agora, não adianta anotar tudo, sair da reunião e esquecer. Uma sugestão é começar um fichário dessas reuniões com data, os principais destaques e os lembretes para o futuro. E voltar a ele de vez em quando, para conferir se está tudo em cima, incluir anotações posteriores e deixar um espaço para os resultados obtidos.

E, como ninguém é de ferro, depois de tanta conversa e se a reunião acontecer no fim do expediente, por que não esticar para um barzinho mais próximo e fazer um happy hour de confraternização? Mas não se esqueça, se beber, não dirija.

[16/07/2012 21:00:00]