Eles não morrem tão cedo
PublishNews, 13/07/2012
Eles não morrem tão cedo

Os livros de cozinha não devem morrer tão cedo. Mesmo com gente apostando em seu fim, como escrevi na última coluna, uma série de livrarias dedicadas aos títulos de gastronomia resiste bravamente aos tempos modernos nos Estados Unidos e no Canadá. Na contramão de diversas lojas americanas independentes que fecharam as portas nos últimos anos (a que mais doeu em meu coração foi a Olssen’s, de Washington DC), lugares como a Book Larder, em Seattle, a Omnivore Books of Food, em San Francisco, The Cookbook Store, em Toronto, e a Books to Cooks, em Vancouver, mantêm-se firmes e com clientela fiel, promovendo sessões de autógrafos, aulas de culinária e clubes de leitura. Sem falar na Kitchen Arts & Letters, instalada há mais de 25 anos no Upper East Side de Nova York, onde vi com orgulho ufanista, no fim da década de 90, o Não é sopa (Companhia das Letras, 376 pp., R$ 54), da Nina Horta, exibido em português mesmo numa das prateleiras.

No Brasil, a tentativa de manter lojas especializadas em livros de cozinha não vingou – em São Paulo, a Mille Foglie aguentou por cinco anos, mas fechou as portas em 2007. É excelente, portanto, a notícia de que agora temos um site de vendas devotado exclusivamente a esse gênero: o Livros de Comida, que foi ao ar na semana passada com cerca de 1.300 títulos nacionais e alguns descontos vantajosos, de até 20% em relação ao preço normal. Para os próximos dias, a loja virtual promete incrementar o acervo com obras importadas e e-books.

Outra notícia de primeira é o surgimento de uma editora com o sugestivo (e apetitoso) nome de Edições Tapioca, com catálogo formado apenas por livros de gastronomia. Até dezembro, a empresa pretende lançar cerca de quinze volumes que tratam de assuntos variados, como O dilema do vegano, de Roberto Juliano, e Gaia – O lado oculto das plantas, do botânico Gil Fellipe. Entre os títulos estrangeiros está Extra virginity – The sublime and scandalous world of olive oil, de Tom Mueller, lançado em inglês no fim de 2011. Elogiado por jornais como o Guardian, The Wall Street Journal e The New York Times, o livro-reportagem trata do mercado fraudulento do azeite de oliva extravirgem, muitas vezes adulterado com outros tipos de óleo e vendido como puro – e a peso de ouro – por países como a Itália, onde atuam os maiores contraventores. Também integram a lista A arte da fermentação, de Sandor Ellix Katz, 100 palavras mais usadas na gastronomia do mundo, de Alain Bauer (oba, mais uma obra de referência!), Para que serve um crítico de gastronomia?, de Gilles Pudlowski, e My sweet Paris, de Amy Thomas. Para contemplar o público infantil, o selo Tapioquinha sai com a coleção Doces palavras, de Tatiana Bianchini e Fanny Alcântara, autoras de O menino do pé-de-moleque e A menina da baba-de-moça.

[12/07/2012 21:00:00]