A morte do DRM (será?)
PublishNews, 09/05/2012
A morte do DRM (será?)

"Os relatos sobre a morte de DRM são desmedidamente exagerados" - Mark Twain (se ele estivesse vivo em 2012)

Estranhamente, enquanto o DRM (digital rights management) era praticamente o ÚNICO assunto quando eu comecei na indústria do e-book (em 2006), ele acabou ficando longe dos holofotes por um bom tempo. J.K. Rowling (felizmente) ressuscitou o assunto nos Estados Unidos, jogando uma nova luz sobre ele.

Comecemos com uma rápida cartilha sobre o DRM.

O DRM da Adobe:

A Adobe criou uma plataforma por meio da qual as editoras podem criar e-books protegidos por DRM que podem ser lidos em qualquer dispositivo que tenha o Adobe Digital Editions instalado – essencialmente uma plataforma universal para leitura. É claro que isso tem um preço: uma taxa de instalação de R$ 10.000 + uma taxa anual de R$ 2.000 + a taxa de R$ 0,10 por cada download de um título – grande modelo de negócios!

O Social DRM:

Enquanto o DRM controla o acesso – decidindo se o leitor tem o direito de posse sobre o conteúdo em seu aparelho – o Social DRM ou “marca d’água” pode ser uma opção melhor, em que cada e-book vendido a um leitor (não importa o formato) leva o nome desse leitor em várias páginas para desencorajar a distribuição desmedida da obra. Se as pessoas quiserem muito piratear um livro, elas vão fazê-lo, então por que não só marcar cada cópia e garantir que quem a comprou possa maximizar seus “privilégios de dono”? Com o Social DRM, as pessoas poderiam ter a obra em vários dispositivos, emprestar a amigos, etc, enquanto simultaneamente são desencorajadas a compartilhá-la com quem elas não confiam.

O DRM “Potter”

Os e-books da Pottermore levam uma marca d’água que é um número digital em série criado pela Booxtream. Essa marca d’água significa que deveria ser possível à J.K. Rowling saber qual cópia dos e-books de Harry Potter foi usado como fonte. Infelizmente, o formato Mobi da Amazon não aceita a marca d’água, então o arquivo é enviado à Amazon e o DRM é aplicado na hora.

Agora, com todo esse barulho sobre o DRM, pirataria e proteção, eu pensei em testar* a eficácia desses diferentes métodos. Busquei na internet versões piratas de algumas obras (mas não fiz download, é claro!), para ver quão difícil é encontrar o conteúdo.

Primeiro, nosso protagonista, Harry Potter

28 pessoas estavam compartilhando versões piratas da série (que agora está em 677° no ranking de livros vendidos da Amazon). Portanto, o social DRM não é totalmente seguro. 28 pessoas roubaram o livro e o compartilharam.

Vamos colocar isso em perspectiva

Ao mesmo tempo, 302 pessoas estão roubando e compartilhando A guerra dos tronos. E este é um título que foi encriptado “de forma segura” com um DRM pesado.

“Meu Deus, e-books são assustadores. Vamos esquecer de uma vez o digital. Papel é o DRM definitivo! Não há como meu valioso conteúdo chegar à internet.”

Repense: 353 pessoas estão compartilhando How to write a business plan – um livro que só existe em versão impressa e está em 582.082° na Amazon.

Está com medo? Não fique

28 ou 302 ou mesmo 353 piratas podem não ser o fim do mundo. Neste momento, 15.176 pessoas compartilham o mais novo filme de Sherlock Homes, que, devo acrescentar, é encriptado tanto fisicamente quanto com DRM.

O DRM vale a pena?

Nos Estados Unidos, parte da indústria argumenta que ter o DRM na realidade reduz as receitas e dá mais poder à loja que pode controlar o acesso. A O’Reilly Media, editora com um nome de peso, faz o que diz para todos fazerem, e convidou o mundo a comprar conteúdo sem DRM no Dia Internacional contra o DRM, 4 de maio.

Claro, as coisas podem funcionar de um jeito diferente no Brasil. O que você acha?

*teste feito no dia 24 de abril de 2012.

[08/05/2012 21:00:00]