Vamos usar a cabeça, pessoal
PublishNews, 25/04/2012
Vamos usar a cabeça, pessoal

A semana retrasada foi uma novela melodramática para as editoras e as lojas de livros. Li muitos artigos carregados de emoção, incluindo:

“Apple Wanted to Break Amazon’s Monopolistic Grip”

“Did Apple Rob Your Library?”

“Amazon’s Greed May Provide its Undoing in the e-Book Price War”

e pessoalmente o meu favorito:

“The Justice Department Just made Jeff Bezos Dictator for Life”

(Desculpem pelos títulos em inglês, mas eles são um pouco mais pitorescos do que em português.)

Talvez eu esteja sendo muito radical, mas eu acho que todos nós queremos a mesma coisa.

Leitores querem comprar mais conteúdo bom.

Editoras querem criar conteúdo bom que venda.

As lojas querem vender conteúdo bom aos leitores.

Vamos voltar aos fundamentos da economia.

Preço x Unidades vendidas = Receita

Num caso extremo,

Caro demais: Preço muito alto x nenhuma venda = 0 de receita

Barato demais: Grátis x grande volume = 0 de receita

Tem que existir um preço mágico. É R$ 20. Na verdade, R$ 30. Com certeza, R$ 40. Será que é realmente tão simples assim? Não. Há outras considerações.

1. Mercadorias alternativas

“Seu livro impresso é mais barato, vou comprá-lo.”

“Seus livros são muito caros, melhor eu comprar o livro de outra editora.”

“Todos esses livros são muito caros, vou ao cinema.”

2. Efeitos psicológicos

“Seu livro é ridiculamente barato, não deve ser bom.”

“Seu livro é caro, mas centenas de pessoas compraram, então deve ser bom.”

“Faltam só dois dias pro Natal e eu não comprei nada pra minha namorada, então vou pagar quanto você cobrar.”


Adivinha quem entende melhor disso tudo do que qualquer outra loja? A Amazon. Eles gastaram centenas de milhões, se não bilhões de dólares, em algoritmos de alta tecnologia que otimizam os preços a cada MINUTO.

O que quer a Amazon? Maximizar a receita.

O que quer o sr. Editor? Maximizar a receita.

“Ótimo, então vou deixar que eles cuidem disso por mim. Fácil!” Calma, não tão rápido.

“A Amazon fica com uma parte enorme da minha receita em troca dos seus algaritmos de alta tecnologia. Eu quero mais!”

“Estou fazendo um monte de campanhas especiais offline. Preciso controlar meu preço!”

“Tenho uma tonelada de seguidores no twitter/facebook/blog. Eu deveria ganhar algo pela minha audiência!”

O que uma editora deve fazer? Usar a cabeça. Existem respostas para suas perguntas.

Vamos começar olhando para os relatórios de vendas. “Qual o efeito de um preço diferente sobre minhas vendas?” “Quais canais de venda estão funcionando melhor para mim.” (Se eu publico livros de negócios, a Apple é uma ótima amiga; se sou um escritor de romances, é a Amazon.) Sou um grande fã da abordagem da Metricly para juntar todos esses dados juntos.

Vamos entender o que minha audiência faz por mim. “As pessoas estão me escutando? Quantos “retweets” / visitas ao site / “likes” no facebook eu tenho?” “As pessoas estão falando sobre mim? Quantas vezes eu apareço nas redes sociais?”

Eu adoro o Hootsuite para checar tudo o que é social. Grátis e poderoso. E oferece um milhão de outras ferramentas!

Vamos checar o que os rankings de mais vendidos fazem com minhas vendas.“Se eu chegar ao top 100, as minhas vendas vão ficar exponencialmente maiores?” “Estou escolhendo a categoria certa?” Talvez seja melhor ser um peixe grande em aquário pequeno. O Booklr registra os rankings ao longo do tempo. Legal! Mas só na Amazon e na B&N por enquanto.

Vejam só, eu não estou escolhendo lados na batalha do Agenciamento x Distribuição. A Apple e a Amazon são duas empresas incríveis que fornecem ótimo conteúdo para pessoas no mundo todo. Não vamos morder a mão que nos alimenta. Mas se quisermos ter controle sobre nossos próprios destinos precisamos saber o que está acontecendo com nosso conteúdo e com nossa audiência.

Hora de usar a cabeça.

[24/04/2012 21:00:00]