A lista de livros de culinária de 2011
PublishNews, 16/12/2011
Os destaques da culinária em 2011

Todo mundo já ouviu falar que o mercado editorial dos Estados Unidos não é muito afeito a traduções. Por isso, não causa espanto que, na lista dos melhores livros de cozinha de 2011 feita pelo jornal The New York Times, dos 19 títulos escolhidos, 14 sejam de autores americanos ou que moram no país – dos outros cinco, todos escritos originalmente em inglês, três vieram da Inglaterra, um da Austrália e um do Canadá.

No Brasil, acontece fenômeno oposto: a maior parte dos livros de cozinha que publicamos tem origem estrangeira. Quando pensei em fazer uma listinha com alguns dos lançamentos mais significativos de 2011 entre nós, vi como isso é evidente. O principal motivo, acredito, é o custo da produção. Existe uma convenção de que livro de receitas sem foto não vende. E produzir imagens custa caro, muito caro. (Fotografias são boas e a gente gosta, mas serão tão fundamentais assim? Boa discussão para uma próxima coluna.)

Para mim, o lançamento mais importante e corajoso do ano foram os dois volumes de Tudo e mais um pouco (Leya, 500 pp. cada, R$ 89,90 cada), de Mark Bittman. Importante porque o autor, articulista do New York Times, é uma das vozes contemporâneas mais sensatas no que diz respeito a comida e à importância da boa alimentação – sem radicalismos, ele prega que as pessoas cozinhem em suas próprias casas, que usem ingredientes de qualidade, que saibam o que estão comendo, e dá subsídios para isso com receitas geralmente fáceis e muita informação. Corajoso porque Bittman é quase desconhecido no país (não é dono de restaurante famoso, não tem programa na TV e suas colunas pararam de ser republicadas pelo Estadão quando ele se transferiu para a página de opinião do NYT) e porque seu livro, na edição brasileira, foi transformado em duas bíblias enormes, pesadas e, contrariando aquela regra não-escrita que citei acima, sem uma única fotografia. Numa linha parecida, ganhamos ainda um título de Alice Waters, dona do restaurante Chez Panisse, na Califórnia, que prega sua filosofia em A arte da comida simples (Agir, 416 pp., R$ 59,90).

Com mais apelo comercial, a Publifolha lançou quatro volumes da série Para todos os gostos (Brunches, Sopas, Guloseimas e Sorvetes, 192 pp. cada, R$ 34,90 cada) e a Altabooks investiu na coleção Cozinha fácil todos os dias, também com quatro títulos (Massas, Rápidos, Saudáveis e Simples, 192 pp. cada, R$39,90 cada). Dois chefs famosos apresentam suas receitas: em Jamie Viaja (Globo, 360 pp., R$ 79,90), o hiperativo autor inglês reúne pratos da Espanha, França, Grécia, Itália, Marrocos e Suécia, e As preferidas do chef Curtis Stone (Larousse do Brasil, 272 pp., R$ 79,90) é a estreia do astro de TV australiano no Brasil. Gordon Ramsey e Anthony Bourdain, outros nomes de peso, aparecem, respectivamente, com a autobiografia Chocolate amargo (Best Seller, 252 pp,. R$ 29,90) e Ao ponto (Companhia das Letras, 328 pp., R$ 49,50), mistura de relato de viagens, descrição de jantares e farpas lançadas em direção ao universo gastronômico.

Por fim, entre os autores nacionais que bravamente garantiram seus lugares nas estantes está Marcia Zoladz com Brigadeiros e bolinhas (Publifolha, 200 pp., R$ 49,90), uma ideia bem sacada que aproveita a moda gourmet do docinho e amplia o repertório das receitas que podem ser comidas com a mão, num bocado só, como beijinho de coco, falafel e bolinho de bacalhau. Dona do restaurante Tordesilhas, em São Paulo, Mara Salles relata suas andanças pelo país em busca de conhecimento e inspiração em Ambiências – Histórias e receitas do Brasil (DBA, 168 pp., R$ 78). E outra chef, Morena Leite, celebra os 25 anos do restaurante da família em Capim Santo – Receitas para receber amigos (Global, 80 pp., R$ 69).

[15/12/2011 22:00:00]