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As livrarias da Liberdade
PublishNews, 09/12/2011
Livros e Liberdade

O bairro da Liberdade em São Paulo, um dos principais locais de lazer urbano e público da cidade, é também um território de rara e inusitada densidade de livrarias. Na Praça da Liberdade nº 153 fica a Livraria Sol (www.livrariasol.com.br), tradicional livraria de livros e revistas em japonês (segundo o site, o negócio começou em 1949), na Rua da Glória situa-se a Fonomag (www.fonomag.com.br), na Avenida Liberdade nº 622 fica a Livraria Chinesa e na Rua Galvão Bueno nº 364 localiza-se a Casa Ono, livraria e revistaria japonesa que compartilha o espaço da galeria com uma peixaria.

Estas livrarias têm livros em japonês (e chinês), mesclando dicionários e cursos de idioma, literatura, livros infantis, quadrinhos e muitos livros associados a diversas técnicas de artesanato, decoração, bordado, origami, desenho e pintura, entre outros assuntos.

Não deixa de ser interessante notar que a presença das livrarias e dos livros está também relacionada a diversos gêneros de artes manuais, artesanato e técnicas de desenho e pintura, além de costumes cerimoniais. São tradições antigas que continuam a encontrar no livro impresso seu suporte e sua tecnologia mais adequados e atraentes e, por isso, andar pelas livrarias, mesmo sem entender os títulos, é um passeio que vale a pena. A forte presença de quadrinhos e de mangás sugere que a força do livro impresso não é apenas uma preferência geracional dos mais velhos.

Dessa forma, no comércio da Liberdade convivem, entre outros, produtos tecnológicos de ponta com um mercado florescente de livros impressos. Aliás, as bancas de jornal e outros pontos comerciais vendem ainda muitos títulos de jornais e revistas étnicos, editados localmente ou não, mostrando o vigor da produção e da leitura impressa nesse território da cidade..

Com isso, o bairro, que já é um dos centros mais populares para andar a pé em São Paulo – ele engloba o Museu Histórico da Imigração Japonesa ao Brasil, templos budistas, as igrejas Nossa Senhora dos Aflitos (de 1799, a ser restaurada pelo Iphan) e Nossa Senhora dos Enforcados e uma forte marca como lugar da memória afro-brasileira –, torna-se também um interessante território para os que gostam de passeios que incluam livros e livrarias..

Uma pesquisa – sem pretensão de ser completa – revela que a capital paulista tem, de fato, poucas livrarias especializadas em línguas e culturas de outros países, como a tradicionalíssima Livraria Francesa (www.livrariafrancesa.com.br), a Livraria Alemã Bücherstube (www.livrariaalema.com.br) e a Letraviva (www.letraviva.com.br), que vende livros em espanhol. A Livraria Italiana (www.livrariaitaliana.com.br) fechou este ano e agora atende pela internet ou telefone A Livraria Azteca sempre teve um bom acervo de livros em espanhol, especialmente da Fondo de Cultura, e as Livraria Cultura e Martins Fontes mantêm boa variedade de títulos em inglês. A Livraria Sêfer (www.sefer.com.br), por sua vez, vende livros infantis em hebraico e obras para estudar este idioma..

Não deixa de ser sintomático que, apesar de a Cultura e a Martins Fontes manterem um interessante acervo em inglês e de outras livrarias que já o tiveram – por exemplo a extinta Bux, na Avenida Faria Lima –, não me recordo de uma livraria efetivamente especializada em livros em inglês. Em uma cidade com um comércio tão exuberante e oferta de produtos de todos os tipos, esse é um dado significativo que reforça as questões de carência ligadas ao mundo da leitura e das livrarias (agradeço quem enviar ao PublishNews informações sobre alguma outra livraria do gênero)..

A força das livrarias e dos livros impressos, associados a temas, interesses e leituras que encontram no papel seu suporte mais adequado – dos mangás a técnicas de pintura – e que promovem uma intensa aproximação entre países e culturas, é certamente um atrativo a mais para passear no bairro da Liberdade.

Roney Cytrynowicz é historiador e escritor, autor de A duna do tesouro (Companhia das Letrinhas), Quando vovó perdeu a memória (Edições SM) e Guerra sem guerra: a mobilização e o cotidiano em São Paulo durante a Segunda Guerra Mundial (Edusp). É diretor da Editora Narrativa Um - Projetos e Pesquisas de História e editor de uma coleção de guias de passeios a pé pela cidade de São Paulo, entre eles Dez roteiros históricos a pé em São Paulo e Dez roteiros a pé com crianças pela história de São Paulo.

Sua coluna conta histórias em torno de livros, leituras, bibliotecas, editoras, gráficas e livrarias e narra episódios sobre como autores e leitores se relacionam com o mundo dos livros.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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