Um abraço pro Doutor Sócrates
PublishNews, 09/12/2011
Um abraço pro Doutor Sócrates

Sei que muitos escreveram sobre ele, gente mais chegada, mais influente. Mas não resisti às minhas lembranças e divido com vocês os dois encontros que tive com o Doutor Sócrates.

Um foi na Vila Madalena, em São Paulo, naquele pequeno bar cujo tema é o futebol, o São Cristovão. Era o lançamento para a imprensa e convidados de uma coleção de 13 livros escritos por 13 autores, em que cada um dissecava livremente o seu time do coração. Camisa 13 era o nome da série. Estavam no bar figuras que eu nunca tinha visto em movimento, só impressas. Luis Fernando Verissimo (Inter), Sérgio Augusto (Botafogo), Bob Fernandes (Bahia), Ruy Castro (Flamengo) e uma pancada de convidados. Quem me levou foi o José Roberto Torero, que tinha a missão de escrever sobre o Santos, seu time de devoção.

Quem conhece o São Cristovão sabe que ele não é exatamente grande. Imagine a quantidade de jornalistas presentes para cobrir tal encontro de estrelas – ainda por cima, estava sendo servido um coquetel “à lá vonté”.

Não parava de entrar gente e eu fui sendo espremido, ficando quase sem autonomia, levado pela muvuca. Quando vi, estava do lado do Doutor. Aliás, éramos nós dois e a chopeira, vejam só. Ficamos lá imprensados e tomando um chope atrás do outro. Eu não o conhecia, e fiquei sem conhecer. Achei meio chato engatar uma conversa naquela bagunça toda. Sei que brindamos algumas vezes, é claro.

Depois de alguns anos, tive a oportunidade de, aí sim, conversar com o Sócrates. O encontro foi num almoço promovido pelos seus companheiros de Cartão Verde, o programa sobre futebol mais legal da televisão.

Havia ideia de um livro assinado em conjunto pelo Doutor, Vladir Lemos e Xico Sá. Mas quase não falamos sobre o tal livro. Os rumos da prosa avançavam sobre futebol, o programa de TV e sobre o que mais viesse, num encadeamento que só a vivência em botecos pode trazer.

Lembro que o Sócrates perguntava se queríamos uma apresentação escrita do então Presidente Lula no livro, e falava: “Eu ligo pra ele e nós vamos marcar um churrasco, vocês querem?”

O projeto do livro andou um pouco, mas não sei sobre o seu futuro, pois não há mais futuro. Fiquei impressionado com as homenagens feitas a esse grande jogador e pensador. No morno campeonato Brasileiro, foi emocionante ver os jogadores do Corinthians em volta do círculo central com o braço estendido, punho cerrado. Lamento pelos amigos Vladir e Xico, sacados da convivência semanal que tinham com o Magrão. E aqui comigo guardo uma vontade de ter conhecido melhor o Sócrates. Um abraço, Doutor.

tahan@realejolivros.com.br

[08/12/2011 22:00:00]