Joe Sacco subiu ao palco da Festa Literária Internacional de Paraty no começo da tarde de sábado para falar de seu trabalho como quadrinista e jornalista. Mas não foi só seu traço cheio de detalhes e realismo que surpreendeu a plateia, atenta também à sua visão humana das guerras, onde as pessoas são mais importantes do que os fins, e aos relatos delas.
Logo no princípio, mostrou alguns de seus trabalhos, explicando detalhes interessantes, como um desenho feito por ele baseado numa foto tirada há mais de 50 anos, e um recente do mesmo local onde ele visitou na Palestina. O campo de refugiados que existia ali há 50 anos hoje foi tomado por prédios. O que há em comum? “Um mesmo muro e as condições terríveis de vida para as pessoas ali”.
Para realizar seu trabalho Joe contou que vai até os lugares e conversa com as pessoas de lá para entender o passado e fazer uma ponte com o presente. Segundo o quadrinista, essa é uma das vantagens das histórias em quadrinhos. “Você pode apresentar ao leitor a passagem do tempo ao mesmo tempo. Uma fotografia, por exemplo, não conta toda a história de um lugar.”
Ele foi questionado se o humor que ele coloca nos seus quadrinhos não é uma contradição, já que os assuntos tratados são tão pesados. Ele disse que o humor negro está presente nesses locais até como uma forma de fugir da realidade cruel e da tensão diária.
Se HQ é coisa de adulto ou criança? “Acho que meu trabalho é mais adequado ao adulto. Mas de uma certa forma HQs despertam a criança que existe nos adulto", comentou.
Joe Sacco terminou falando sobre seu futuro: “Gostaria de fazer algo mais leve”. Mas emendou que tem muito interesse em estudar mais a questão da violência nas espécies. Parece que essa leveza não vem tão cedo.