A resposta é não
PublishNews, 14/12/2010
Agente literário também diz não a editores

Uma agência literária escolhe representar um projeto, uma obra ou até uma vaga ideia. Nesse momento, os agentes pensam, este produto estará vendido em até seis meses – na melhor das hipóteses. Pode ser muito menos ou muito mais, conforme o valor ou interesse do mercado pelo que estamos representando.

A venda é sempre muito bem planejada. Procura-se fornecer ao comprador as informações de que ele precisa para tomar sua decisão. A forma de abordar cada editor vai depender da relação da agência com a empresa ou com o profissional que está selecionando obras para o catálogo da editora.

Outro peso importante, principalmente para o que se chama de trade book, é o potencial de venda e impacto na imprensa. Hoje, também são consideradas as redes sociais na internet. O que podemos traduzir, a grosso modo, como a possibilidade do nome do autor em ajudar nas vendas do livro ou do projeto ser exatamente o que o leitor deseja comprar. A segunda possibilidade é quase um número do grande mágico, que faz show para milhares de pessoas, mas acontece.

Enfim, está tudo encaminhado, isto é, podemos estar nas seguintes etapas: negociações com editor que encomendou o projeto, ajeitando as cláusulas do contrato, aprovação do projeto gráfico pelo autor, reimpressão da obra já publicada e algo – não tão inusitado – aparece e não se consegue escapar de uma negativa.

O editor com quem autor e agência estavam negociando “sai” da editora, o rumo do projeto e do contrato muda, e já não interessa mais.

Com o projeto encomendado, o editor vai conduzindo cada parte da obra. Alguns levam o autor a um esgotamento tal de ficar sempre revendo páginas e páginas por quase um ano, e então, o autor desanima.

A parte administrativa e jurídica é a mais difícil, principalmente, quando o agente fica como o responsável em comprovar que as possibilidades pedidas em contrato são ilegais, tanto para o autor quanto para o editor.

O projeto gráfico não reflete a principal mensagem da obra, e, para piorar, não tem como alterar a forma final proposta pela editora do livro. Um distrato muito complicado de chegar a bom termo.

Um fato completamente absurdo acontece. Na sua vigésima edição, o título entra nas livrarias com a impressão de vários capítulos na ordem errada, ou outro livro entrou no meio, ou faltam páginas. Nem gráfica, nem editora, nem livraria percebem, mas o autor por acaso abre o livro (que recebeu em casa) e, em choque, perde o interesse em continuar publicando por esta editora.

Não adianta considerar todo o trabalho perdido, tentar garantir uma parceria produtiva entre autor-editor, facilitar entendimento nos limites da lei de direitos autorais: chega o momento em que a resposta do agente ao editor é não.

[13/12/2010 22:00:00]