Afinal, autor é escritor ou vice-versa?
PublishNews, 19/10/2010
Hoje, vamos ficar como bolinha em jogo de pingue-pongue, batendo na raquete do autor e do escritor

Lá nos dicionários, um substantivo faz parte do outro. As duas palavras de origem latina formam a equação: o autor cria e o escritor escreve. Mas no dia a dia do mercado editorial, o que parece valer é esta simbologia: escritor é o autor sem livro publicado.

A primeira ideia que nos ocorre é que autor cria escritor. Na maioria dos depoimentos dos escritores, com várias obras publicadas, com prêmios, com livros na listas de mais vendidos, existe um marco, um fato, uma experiência que o envolve de uma maneira tão insistente que o leva a registrar em palavras tal história, momento, sensação ou impressão. Antes, apenas alguns eleitos tinham acesso a este movimento interno; hoje, podemos acompanhar esse processo em blogs, podcasts, vídeos etc. Essa condição elementar, incompleta, inicial, que vai ser o ‘original’ e por fim o livro.

Outro aspecto do nosso agora é a facilidade de expressar suas afinidades em qualquer veículo da rede, ou mesmo impresso. Principalmente para os que demonstram grande interesse apenas por certo gênero de livro. Se lembrarmos, exatamente os melhores instantes ao lado de escritores são os que eles narram suas experiências, seus interesses, enfim contam o que está atrás da linha produzida de palavra escrita. Você avalia o quanto é fascinante encontrar seus preferidos no youtube, podcasts, portais, rede sociais e o que mais acharem com o Google? E assim, você fica com seu leitor ou autor quantas vezes desejar. Um clique e pronto: de novo. Mais um e nota algo que da outra vez nem lhe ocorreu. No terceiro e quarto toque na tela do seu telefone móvel, vai se dar conta de que passou horas com seu escritor.

Mas, responde para nós, seu autor publica onde? Em que formato? De todos os cliques ou toques que dá na sua ferramenta de entrada na rede, o que, realmente, importa ou busca? Nem carece se encher de dúvidas, já definiram para você: o conteúdo.

Voltando ao nosso enigma podemos concluir: autor cria o conteúdo do escritor. O que os satélites levaram a mídia desejar desse tal conteúdo do escritor? Sem precisar citar inúmeros autores, interessantes aqui, podemos relacionar mentalmente do que é composto nosso encantamento ao desvendar que a obra não vem da realidade do autor, ou que é fruto de uma experiência que lhe pareceu única e desejou compartilhar com todos nós, leitores.

Um simples fato nas palavras faladas ou escritas de um autor retiram de nós diversas sensações, tal qual outras artes (teatro, filmes, artes plásticas etc.). Portanto, a palavra escrita cumpre sua função básica de todas as artes: emocionar seu leitor do papel ou da rede. Já sei, que vai me questionar, não tenho como autografar meu blog para o meu leitor, muito menos meu livro digital (respondo: ainda não da forma convencional até hoje.). Como defendem que o “conteúdo é o rei”, consideramos, então, que não importa o trono (formato de publicação), em que ele se senta.

Acreditando que conseguimos alguma concordância sua para as ideias acima, podemos ouvir, mas só sei escrever, não sei editar, nem pensar numa capa, tenho dúvidas sobre que título escolher. E nessa angústia, pode encher o peito com todos os serviços de profissionais como coach, tradutor, agente, editor, revisor e até o vendedor de livros. Se desejar mais, acrescente toda experiência e o capital da editora para destacar seu livro em todas as livrarias e na imprensa. Perguntamos: as redes sociais não tem com facilitar esse processo? Já pesquisou suas necessidades?

Sempre foram complexos ou óbvios os caminhos que levaram um ou outro autor a se destacar no seu tempo ou tornar-se um clássico do seu país ou até da humanidade. Tem casos, não tão raros, que nem bem o autor conseguiu marcar o ponto final em sua obra e ela já está vendida para vários países, cinema etc. Assim, de primeira, sai em todos os lugares “ao mesmo tempo, agora”. Como também temos o mais comum e mais divulgado, a construção de sua carreira parte por parte, livro a livro, palestra a palestra, muitas vezes sem que a experiência de sua editora seja um facilitador para o que precisa fazer além de escrever. Na verdade, o correto seria o que necessita fazer para ficar perto do seu leitor. Ou, somente, do comprador de seus livros. Não se esqueça existem os direitos do leitor, segundo Daniel Pennac.

Terminamos como nosso enigma: entre autor e escritor, você consegue saber por onde começar?

[18/10/2010 22:00:00]