E se aplicássemos Mike Shatzkin no Brasil?
PublishNews, 22/09/2010
Marisa Moura pega carona na coluna de Mike Shatzkin e pensa a questão no autor brasileiro nessa nova era digital

Depois da coluna “Outra comparação de royalties” de Mike Shatzkin em 15 de setembro, aqui no Publishnews, começamos a ponderar quais seriam as preocupações dos autores brasileiros ou os que desejam publicar por aqui…

Normalmente, respondemos questões como: não é só escrever muito bem para ser publicado? Começo a escrever sozinho ou com um coach? Oficinas e cursos para “formação de escritor” são fundamentais? Escrevo baseado nas minhas vivências? Aceito encomendas de projetos de editores? Como me comporto no lançamento do meu livro? Além de investir meu tempo, minha arte em cada linha escrita, contrato um agente literário, uma assessoria de comunicação? Tenho romances para publicar; para qual editora encaminho? Escrevo infantis, como descubro a idade do meu leitor? Quais temas são abordados nos juvenis brasileiros?

Outras questões: preciso rever os contratos firmados com meus editores depois de quanto tempo? Como me posiciono frente às novas possibilidades de publicação? Se tenho novos lançamentos, sou chamado para palestras? Participar de eventos como feiras de livros, bienais e festas literárias aumentam as vendas dos meus livros? Afinal, o que significa o adiantamento para a publicação dos meus livros? Quem garante matérias na imprensa sobre a minha obra?

Muito raramente vem a pergunta: recebo 5% de direitos autorais dos meus livros infanto-juvenis, quem determinou esse valor? Uma editora fez oferta em dinheiro, agregada a publicidade e agenda de eventos, como avalio essa proposta? Quem deve planejar meu lançamento: a editora, uma assessoria de imprensa, uma produtora de eventos? O que preciso fazer para ter muita gente no meu lançamento? Tenho um blog muito visitado e faço parte de várias redes sociais apenas por prazer, como isso ajuda na minha carreira de escritor ou nas compras dos meus livros?

E, agora, Mike Shatzkin apresenta os argumentos que até hoje mantinham autores americanos nas editoras: adiantamentos, publicidade, marketing para legitimar a carreira do autor e administrar a logística do livro impresso (que “ainda” é a “bola da vez”). Se fosse só explicar cada vantagem de publicar por uma editora já era polêmico, imagina você ler que os “atuais” benefícios dos editores não são mais plausíveis...

Voltando ao nosso quintal, digo, a nossa necessidade de evidenciar a leitura no Brasil, nesses últimos anos, presenciamos vários novos programas especiais e incentivos à eventos ligados à compra e divulgação do livro. Em paralelo, ou devido a essas ações, notamos que o conceito de autor consagrado por sua escrita apenas parece caminhar para uma ideia mais ampla de “autor colunável”.

Alguém deve questionar: como assim “autor colunável”? Aquele, cuja escrita atrai muitos leitores, que o querem muito além da escrita, que o desejam em todas as participações públicas, que precisam do autógrafo e que garante a editoras, imprensa, eventos etc muito interesse na sua carreira, na compra de sua obra. Nossa transição para as novas posturas de publicação inicia-se nesse conceito em construção: nosso “autor brasileiro colunável”.

[21/09/2010 21:00:00]