Aos 90 anos de idade faleceu no sábado, 12, Antonio Olinto, ocupante da Cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Letras (ABL). O corpo foi sepultado no domingo no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. O Acadêmico, que morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos, foi casado com a escritora Zora Seljan, falecida no Rio em 2006, e não deixa filhos. Sua obra abrange poesia, romance, ensaio, crítica literária e análise política. Ao saber da notícia do falecimento, o presidente da ABL, Cícero Sandroni, determinou luto oficial na Academia por três dias. A vaga de Olinto na ABL será declarada na próxima quinta-feira, dia 17, após a realização da sessão de saudade. Para o acadêmico Tarcísio Padilha, Olinto nos deixa um exemplo dignificante de cultivar, durante sua longa vida, as letras e fincar raízes na solidariedade e na prestimosidade. “Rendo homenagem ao intelectual incansável distribuidor de bibliotecas pelas favelas e morros do Rio de Janeiro”, acrescentou o imortal Murilo Melo Filho.
Antonio Olinto nasceu em Ubá (MG), em 10 de maio da 1919, filho de José Marques da Rocha e de Áurea Lourdes Rocha. Nomeado Adido Cultural em Lagos, Nigéria, pelo governo parlamentarista de 1962, em quase três anos de atividade fez cerca de 120 conferências na África Ocidental, promoveu uma grande exposição de pintura sobre motivos afro-brasileiros, colaborou em revistas nigerianas, se especializou nos assuntos da nova África independente e, como resultado, escreveu uma trilogia de romances – A casa da água, O rei de Keto e Trono de vidro – hoje traduzidos para dezenove idiomas e com mais de trinta edições fora do Brasil. Seu livro Brasileiros na África, de pesquisa e análise sobre o regresso dos ex-escravos brasileiros ao continente africano, tem sido, desde sua publicação em 1964, motivo de teses, seminários e debates.
Conheceu, em 1955, a escritora e jornalista Zora Seljan, com quem se casou. A partir de então, os dois trabalharam juntos em atividades culturais e literárias. Em 31 de julho de 1997 foi eleito para a ABL na Cadeira nº 8, sucedendo ao escritor Antonio Callado. Foi eleito para o cargo de diretor-tesoureiro nas gestões de 1998-99 e 2000. Nesse período foi também diretor da Comissão de Publicações. Sob a sua direção saíram 24 volumes da Coleção Afrânio Peixoto. Coordenou o seminário Monteiro Lobato: Meio Século Depois (1998) e o ciclo A Língua Portuguesa nos 500 Anos do Brasil (ABL, 1999) e participou do seminário A Língua Portuguesa em Questão (CIEE-São Paulo, 1999) e dos ciclos de conferências sobre Machado de Assis e Rui Barbosa (ABL, 1999). Nos últimos anos proferiu ainda conferências em seminários no Brasil e no exterior. A convite do Governo português, em 2000, participou das Jornadas da Lusofonia realizadas em Lisboa, Estocolmo, Gotemburgo, Lund e Copenhague. Recebeu o Prêmio Machado de Assis – 1994, pelo conjunto de obras, da Academia Brasileira de Letras, a mais alta láurea literária do Brasil.