O gato é o melhor amigo do poeta brasileiro. O cachorro antes era o preferido dos estros. Deixou a realeza para o felino. Talvez seja a mudança de hábito, a adoção do apartamento em detrimento da casa, a adoração do silêncio dos condomínios residenciais e dos escritórios na hora de escrever, sem o alvoroço dos quintais e dos pátios. Não que a figura canina tenha desaparecido. A verdade é que o cão ficou trancado na máquina de escrever. Pode até permanecer como o dileto na memória dos ficcionistas, mas não manda mais nos versos. Os gatos são as novas beldades dos enigmas e das metáforas. Do Rio de Janeiro de Carlito Azevedo à Manaus de Aníbal Beça. Além de tomar a companhia da escrita, abocanharam a ração da bandeja, como publicou Fabrício Carpinejar na edição de setembro da Revista da Cultura.