Começou ontem, 10 de março, em Garanhuns, a 15ª edição da Garanheta, o carnaval fora de época da cidade serrana do interior de Pernambuco, anunciado como a melhor micareta do estado. Animados por trios elétricos como o Asas da América (patrocinado pela pernambuquérrima aguardente Pitu), o Trio Oxigênio e a banda de Margareth Menezes, os foliões garanhuenses fizeram a festa na avenida Rui Barbosa, no bairro Heliópolis.
No mesmo dia, começaram a chegar na cidade representantes de 50 comunidades quilombolas pernambucanas, graças ao apoio e ao transporte providenciado por prefeituras e sindicatos. Apesar de muitos dos representantes terem sido acomodados no Seminário São José, em plena avenida Rui Barbosa, eles não estavam em Garanhuns para a efêmera folia carnavalesca. Buscavam, sim, uma folia mais duradoura e literária. Afinal, eles recebem hoje, em nome de suas comunidades, 50 minibibliotecas do projeto Arca das Letras, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A cerimônia de entrega das arcas – como são chamadas as minibibliotecas de madeira com cerca de 230 livros – acontece às 14h desta sexta-feira na comunidade quilombola do Castainho, localizada nas proximidades de Garanhuns, e contará com a presença de autoridades do MDA e do Ministério da Cultura.
Quem sabe se os livros que estão sendo entregues hoje não serão aquela pequena semente tão necessária para a integração social destas 50 comunidades quilombolas pernambucanas? E quem sabe se, em pouco tempo, estes cidadãos hoje marginalizados não se sentirão completamente à vontade para correr atrás de um trio elétrico em plena Garanheta?
[Carlo Carrenho viajou para Garanhuns a convite do MDA.]