Cuidado com os falsos amigos
PublishNews, 25/02/2005
O ditado italiano "Traduttore, traditore" ainda é a melhor síntese do grande esforço intelectual e das dificuldades de se verter para um idioma o que foi escrito para outro. Para auxiliar quem decidiu percorrer este caminho, o da tradução, há 50 anos Brenno Silveira escreveu seu livro A arte de traduzir (224 pp., R$ 30), referência indispensável para os que trabalham com o mundo das línguas e da cultura. Agora, com a nova edição lançada pela Editora UNESP em parceria com a Melhoramentos, percebe-se também o quanto esta obra manteve-se atual e moderna. Silveira fala da humildade intelectual na relação com o texto original, na paciência de vencer as tentações das soluções fáceis e da honestidade na procura da fidelidade ao pensamento e estilo do escritor original. Tais qualidades superam o trabalho puramente técnico e buscam a reconstrução do pensamento de um autor em outra língua. Pois, como lembra Tatiana Belinky no prefácio desta edição, o que A Arte de Traduzir oferece é um aprendizado completo "para os não poucos problemas da tradução, com os quais tem de se haver o tradutor honesto e ético". Após tecer algumas considerações sobre a linguagem, Silveira apresenta ao leitor os "falsos amigos": vocábulos de grafia semelhante ao português, mas de significado diverso. Cita alguns exemplos que podem resultar em desastres nas mãos de maus tradutores, como transformar creamery (lugar onde se faz manteiga e queijo em inglês) em crematório ou sage-femme (parteira em francês) em mulher sábia.
[25/02/2005 00:00:00]