Ana Miranda lança livro de poesias
PublishNews, 06/01/2005
Foi depois de uma viagem ao sul de Minas Gerais que Ana Miranda, ainda que sem querer - e sem saber -, quebraria um jejum de 21 anos. Desde 1983 sem publicar um livro de poesias, a escritora chegou a Prece a uma aldeia perdida (Record, 144 pp., R$ 24,90). Os versos surgiram depois que ela assistiu a uma fabricação de queijo ("aquele que leva 8 litros de leite"), visitou uma fábrica de doces, ouviu conversas de gente da roça e viu crianças andando sozinhas nas ruas. Entre essa e aquela simplicidade, Ana reencontrou sua poesia e escreveu uma pequena e corajosa obra-prima. O livro não é uma coleção de várias poesias, e sim apenas uma, que ecoa como uma oração, em poemas repletos de belas imagens. "Escrevi um longo poema, de umas 120 páginas. Foi uma das raras vezes em que gostei de uma poesia minha", revela a autora. Ana dividiu seus poemas em dois momentos: Prece à aldeia e Prece respondida. O primeiro é a voz masculina, que recorda a infância, o amor que se foi, o tempo. É a aldeia perdida que sofre pela transitoriedade das coisas. Tudo é fugaz, se perde, termina, se vai. Num segundo momento a autora revela uma voz feminina mais obscura, mas que diz ao leitor que, de tudo que passa, algo fica. Cola nas lembranças, nas palavras e gestos registrados na memória. Os poemas refletem o tempo, o passado, o cotidiano do interior. "Passa tudo sem passar... Passa tudo, nada passa", escreve ela. A autora monta um diálogo, um cântico.
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