Editora Globo reedita Memórias sentimentais de João Miramar
PublishNews, 02/12/2004
Memórias sentimentais de João Miramar (Globo, 192 pp., R$ 30), de Oswald de Andrade, é um romance de longa maturação. Escrito e reescrito a partir de 1915, o livro foi sendo modificada ao longo dos nove anos que separam sua primeira redação de sua primeira edição, o que mostra a seriedade com que o autor encarava a sua obra, contrariando a imagem estereotipada que ainda hoje se tem dele, de polemista inconseqüente, frasista espirituoso, "palhaço da burguesia", blagueur. No prefácio desta edição, Mário – com quem Oswald iria romper em 1929 –, em artigo publicado à época do lançamento, com sua costumeira sem-cerimônia, afirma que Oswald dá um passo além, "afinal Os condenados eram mais uma contemporização", enquanto as Memórias são "a mais alegre das destruições". E chama a atenção para a modernidade de Oswald (poderíamos falar hoje de sua contemporaneidade), que "sintético, marcante, abandona então todo pormenor, usando apenas o essencial expressivo". Na apresentação deste nova edição, Haroldo de Campos aprofunda uma observação de Antonio Candido, de que Oswald inaugura o uso da técnica cinematográfica no romance brasileiro. "A prosa experimental do Oswald dos anos 20 (...) participa intimamente da sintaxe analógica do cinema, pelo menos de um cinema entendido à maneira einsensteiniana".
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