Aplaudido pela crítica italiana, Coração de papel (Record, 176 pp., R$ 24,90) é o romance de estréia do italiano Riccardo Zucconi. Ao abordar os destinos de jovens toscanos, entre os ricos cenários de Florença e do Rio de Janeiro, o autor traça um painel que revela os costumes das duas cidades. O ano é 2030. A tecnologia permitia controle absoluto sobre cada indivíduo. A última eleição popular aconteceu na Itália, em 2013. A União Européia, sonho de duas gerações a partir dos anos 50, naufragara por egoísmos nacionais. Nova York desaparecera em outubro de 2014, destruída por uma bomba atômica. Zucconi marca os protagonistas e acontecimentos do livro com uma certa metafísica, abandonos existenciais, ambigüidades decadentistas e estetizantes, horizontes catastróficos. O autor, que já morou no Brasil e casa um de seus personagens com uma brasileira, constrói uma trama futurista e ao mesmo tempo romântica por meio de uma saudável complexidade e contradição, passeando pelas reminiscências florentinas e cariocas. Os personagens, as histórias e os ambientes deslizam sobre o pano de fundo - ora próximo, ora distante - de uma história e de um mundo indecifrável. Sobre esse pano de fundo vive a condição humana e a necessidade de sobrevivência de cada um. Em Coração de papel, Zucconi exerce a função de um visionário e antecipa um futuro - muitas vezes - bem próximo do presente e do passado.