José Lins do Rego é eterno
PublishNews, 24/09/2004
José Lins do Rego produziu não apenas obras que foram marco na literatura do país - vide Fogo morto, Riacho doce e Menino de engenho - como retratou como poucos a vida no Brasil das décadas de 30, 40 e 50. Lêdo Ivo, que fez a seleção dos textos para O cravo de Mozart é eterno (José Olympio, 370 pp., R$ 38) , lembra: "José Lins do Rego escrevia diariamente. A sua caligrafia, uma sucessão de garranchos, era a aflição e o terror dos linotipistas; e de tal modo que havia n'O Globo um linotipista especializado em decifrar-lhe os hieróglifos. [...] Nele, a obrigação de escrever era suplantada pelo prazer de escrever. O artigo do jornal, sua primeira manifestação literária, foi também a última. Nos dias finais, num leito de hospital, ele me ditava crônicas ou pequenos ensaios, a sua prosa de adeus - de um adeus que ele, aliás, se recusava a dar com o seu grande e guloso amor pela vida e o medo de morrer que o acompanhava desde a infância." Assim é que O cravo de Mozart é eterno traz uma seleta da prosa arguta e saborosa do escritor e jornalista José Lins do Rego. O livro divide-se em quatro partes. Em No Reino da Prosa, o leitor encontrará textos como "O mestre Graciliano", "Gilberto Freyre, Proust e o dinheiro" e "O busto de Graça Aranha". Notas de Viagem, como o título já diz, leva o leitor às experiências de Lins do Rego pelo mundo. Criatura e Paisagens fala do Brasil. Na última parte do livro, Entre Poetas, Pintores e um Músico, José Lins do Rego nos traz retratos inspirados de Manuel Bandeira, Cândido Portinari, Augusto dos Anjos, Cícero Dias e o próprio Lêdo Ivo - que, tantos anos depois, daria forma a O cravo de Mozart é eterno.
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