Novo romance de Menalton Braff aborda a psique humana
PublishNews, 18/08/2004
Prêmio Jabuti de melhor ficção em 2000, Menalton Braff retoma sua obsessão em Na Teia do Sol (Planeta, 160 pp., R$ 29,90): a psique humana. Neste livro, o escritor gaúcho radicado em Serrana (SP) mostra a ditadura militar no Brasil por outra ótica, que não a social e política. O que o interessa é uma perspectiva inteiramente individual. Como o sujeito sofre o embate desproporcional entre indivíduo e Estado? Quais os sentimentos que o sustentam? O que ele faz para continuar sentindo-se um ser humano? São essas questões que permeiam a narrativa. O protagonista, Tito, é um militante político forçado a se esconder e que, disfarçado de horticultor, espera o momento certo para deixar seu esconderijo e reencontrar a família e toda a vida que foi obrigado a largar às pressas. Escondido em um sítio, recebe apenas a visita de um verdureiro, companheiro que o informa muito pouco do mundo do outro lado da cerca. Ao se isolar, suas sensações se afloram: o medo domina a cena e qualquer ruído significa uma ameaça. Essa radicalização das emoções também se aplica à linguagem. Menalton ousa ao experimentar a técnica narrativa chamada de "fluxo de consciência". A realidade passa a ser linguagem, aquilo que o cérebro produz, e nada menos real do que isso.
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