Cuentos del fuego
PublishNews, 10/08/2004
Um dia chegou um conto erótico às mãos do editor da Revista 89FM. Ele gostou tanto do que leu que ofereceu à nova escritora uma coluna para responder às dúvidas sexuais dos leitores e ouvintes da rádio. Mas havia uma condição: ela teria de arrumar um bom nome. Foi então que a sogra da escritora lhe apresentou Dora, aquela que se tornara a vedete Luz del Fuego, pseudônimo copiado de um batom argentino. E foi assim que Andréa Fátima dos Santos - a menina que fazia anotações nos caderninhos escolares, ouvia conversas por detrás das portas, adorava os papos de elevadores e ficava muda nas reuniões de mulheres adultas para que não a notassem - se tornaria a escritora Andréa del Fuego, cujo primeiro livro está sendo lançado agora pela editora O Nome da Rosa. Trata-se de Minto enquanto posso (130 pp., R$ 23), obra temperada com um sabor suave e, por vezes, ardente, tal como a saborosa comida da terra da escritora. Nos contos reunidos no livro, o calor da descoberta da sexualidade em uma poltrona de ônibus divide espaço com a sabedoria e a paciência cortante das senhoras em um jogo de canastra real. O vermelho das cortinas de um motel de segunda categoria poderia ser o da toalha que cobre a mesa de um jogo de cartas, ou o do pano que protege a imagem do santo guerreiro São Jorge, ou mesmo a cor do vinho que embriaga, embala e umedece as fantasias femininas. Tudo pode ser cor, cenário e ambiente para as histórias de todas essas mulheres, casadas, solteiras, casuais, amantes, jovens, maduras, senhoras, todas personagens da literatura de Andréa del Fuego. A publicação sugere, desde sua arte e diagramação até as letrinhas de Andréa, um jogo de verdades, mentiras, fantasias e liberdade, fios eróticos da navalha de todas as personagens.
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