Arcas das Letras são espalhadas pelos rincões do Brasil
PublishNews, 28/04/2004
Os livros de piratas deixam bem claro: arcas do tesouro devem ser escondidas e descobertas, jamais distribuídas. No entanto, alguns funcionários públicos de Brasília são hoje responsáveis por uma pirataria às avessas, espalhando arcas do tesouro pelos rincões do Brasil. O tesouro é composto de um bem tão valioso quanto o ouro e a prata: livros. Quando se pensa em projetos de bibliotecas e incentivo à leitura no âmbito federal é natural voltarmos a atenção aos ministérios da Educação e da Cultura. No entanto, uma "ação literária" que vem mostrando ótimos resultados surgiu dentro do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), pasta encabeçada pelo ministro Miguel Rossetto. Trata-se do projeto Arca das Letras, que tem como objetivo implantar bibliotecas nos assentamentos rurais da reforma agrária. A idéia é simples: pequenas caixas-estantes (foto) - verdadeiras "arcas das letras" que comportam cerca de 200 livros - são enviadas às comunidades rurais após consulta aos moradores para se determinar seus interesses e necessidades. As arcas são fabricadas por trabalhadores sentenciados com madeira apreendida pelo IBAMA. Em cada comunidade, é escolhida uma pessoa para ser o Agente da Leitura, uma espécie de guardião da arca. O piloto do projeto foi implantado em três assentamentos no Nordeste, em Maio de 2003, e em dois assentamentos do Rio Grande do Sul, dois meses depois. Em dezembro do ano passado, o Arca das Letras foi lançado nacionalmente pelos ministros Miguel Rossetto e Gilberto Gil (Cultura) na comunidade de remanescentes de quilombos Leitão da Carapuça, em Afogados da Ingazeira (PE). Até o momento já foram implantadas 200 arcas, principalmente no semi-árido nordestino e no Rio Grande do Sul.
[28/04/2004 00:00:00]