Ernesto Paulelli, o amigo de Adoniran Barbosa eternizado como "Arnesto" graças ao compositor, havia prometido comparecer ontem ao lançamento de Adoniran: uma biografia (Globo, 608 pp., R$ 49), de Celso de Campos Jr. No entanto, graças ao "Samba do Arnesto", composto por Adoniran e Alocin em 1955, a fama de Arnesto era de ser o protagonista do maior cano da história do samba. Afinal, a música conta que um certo Arnesto marcou um samba em sua casa e não estava lá quando os convidados chegaram.
Por isso, ninguém acreditava muito na presença de Arnesto. No início da noite de autógrafos, realizado no Conjunto Cultural da Caixa, na Praça da Sé, corria à boca pequena que Arnesto não viria, ocupado que estava em um jantar com a filha. Mas logo depois que os sinos da Catedral da Sé marcaram as nove horas da noite, entrou no átrio do Edifício Sé, um senhor elegante e de chapéu. Era o Arnesto, que, bom boêmio, jamais poderia ter chegado cedo ao evento. Minutos depois, ele se juntaria ao autor na distribuição de autógrafos (foto), sempre de bom humor, com caligrafia caprichada e assinando "Arnesto do Samba" ao fim de suas dedicatórias.
Com sua presença, Ernesto Paulelli apaga um pouco a fama de furão do Arnesto. Aliás, o livro de Campos Jr. esclarece que, ao contrário de algumas declarações um tanto delirantes do "Barbosinha", a letra do famoso samba é puramente ficcional. Neste sábado, 20 de março, o livro será lançado na Livraria Realejo, em Santos (Av. Marechal Deodoro, 2, Gonzaga), a partir das 16h., com direito a música e bate-papo com o autor. O nonagenário boêmio Arnesto não deve comparecer no evento da Baixada, mas, justiça seja feita, ele nunca prometeu que iria.
