Vários livros já foram publicados sobre Adoniran Barbosa. No entanto, nenhum deles conseguiu apresentar uma biografia completa do ícone do samba paulista. Adoniran: uma biografia (Globo, 608 pp., R$ 49), de Celso de Campos Jr., vem agora preencher esta lacuna. O catatau - maior que a soma dos demais livros sobre Adoniran - bem que poderia ter como subtítulo "A biografia", não fosse a bem-vinda modéstia do autor. O livro não se contenta em trazer apenas os detalhes da vida de João Rubinato (nome real do sambista) e registra em seu pano de fundo a história do cinema e do rádio brasileiros. Afinal, o "Barbosinha" foi destaque da época áurea do rádio e ator de cinema e TV, embora seja mais lembrado hoje por sambas como "Trem das Onze" e "Saudosa Maloca". Deste pano de fundo surgem personagens coadjuvantes que ganham vida própria e minibiografias na obra de Campos Jr., com destaque ao radialista Osvaldo Moles. Outro coadjuvante é o quadrinista Mauricio de Souza, o pai da Mõnica e do Cebolinha. Nos idos de 1947, o garoto Mauricio, então com doze anos, participou de um programa de calouros da Rádio Record - "a Maior" - e saiu como vencedor, recebendo os aplausos do público nos ombros de Barbosinha. Para redigir o livro, Campos Jr. contou basicamente com o acervo do Museu Adoniran Barbosa, inacessível ao público e enclausurado no antigo prédio do Banco de São Paulo, e com a disposição dos mais de 80 entrevistados. Aliás, se o Museu deu credibilidade documental ao trabalho, foram as entrevistas que trouxeram as melhores histórias. O autor procurou conversar com todos que pudessem contribuir com alguma informação sobre a vida de João Rubinato. Só não pôde entevistar o próprio, pois o autor tinha apenas 4 anos de idade quando o biografado faleceu em 1982, nem seu mitológico cachorro Peteleco, que também já não se encontrava entre os vivos no início da pesquisa. O lançamento oficial do livro é hoje, 18 de março, às 19h, no Conjunto Cultural da Caixa (Praça da Sé, 111, São Paulo) e contará com a apresentação musical do grupo Talismã, que acompanhava Adoniran nos shows da São Paulo da década de 1970. O "Arnesto", homenageado pelo famoso samba de Adoniran e redescoberto por Campos Jr., promete comparecer no evento. Mas com a fama que o samba lhe deu, ninguém quer por a mão no fogo por ele.